terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Personagens não bíblicos e suas histórias: uma saga

ALENCAR, Gabriel. Personagens não bíblicos e suas histórias. São Paulo: Cultor de Livros, 2019. 


Relaxem, pessoal. Não vou resenhar meu próprio livro kkkk. Não sou tão maluco assim. Este post especialíssimo, o último de 2019, vem para contar e deixar registrada a história de como esta belezura aí em cima surgiu. Vamos percorrer quase toda a história dele, desde a primeira ideia, até a publicação, o lançamento e os próximos caminhos. Já vou avisando: é um texto grande, porque ele visa mais o registro da coisa em si.

Este livro veio pra me salvar. Depois de tantas decepções com a Música, Deus me abriu o caminho da Literatura para que as frustrações não me vencessem. No fundo, eu não sinto grande orgulho ou mesmo grande satisfação com tudo que tem acontecido com este livro, porque eu nunca tive tanta certeza de que algo não vem de mim. Não tem porque eu ficar orgulhoso, toda a glória pertence ao Senhor, que me deu muito mais do que eu precisava. Mas já começo a divagar, vamos ao que interessa.


1. Da origem

Uma das premissas deste livro é: quais são as histórias das pessoas que estão nos bastidores dos grandes acontecimentos bíblicos? Quem são eles? O que fazem? Como vivem? Mas a questão é: de onde tirei essa ideia?

Faz um bom tempo (coloque uns anos aí, antes de eu até pensar em escrever sério), um amigo certa vez comentou comigo que ele sempre teve essa curiosidade, de questionar como seriam essas histórias dos bastidores. E isto ficou guardado em algum canto escondido da minha mente, até o dia que Deus resolveu acordar a ideia de novo.

Mas já me adiantei, porque temos que voltar a 2016. Desde que ganhei aquele concurso do Aldenor Pimentel (você pode ler mais sobre isso nesta crônica estranha), algo acordou em mim; mas não era nada sério. Nos anos que se seguiram, eu continuei participando e ganhando alguns concursos literários. Isto se tornou tão frequente que, no final de 2018, eu pensei: "Tá, acho que tá na hora de fazer algo sério com isso que Deus me deu."

Então surgiu: mas o que fazer? O que será que eu consigo escrever? A resposta foi óbvia, quando nos últimos anos tudo que eu sabia fazer era produzir contos. Então foi decidido. Sabe aquelas promessas de fim de ano? Pois é: "Em 2019 vou escrever um livro". E tudo se desenhou de maneira clara: vou escrever uma antologia com 20 contos (pensei ser um número razoável). Pensei até em cronograma: vou escrever no começo do ano, no meio do ano enviar para editoras e, quem sabe, no fim do ano ter o livro aceito. E assim eu fiz.

Não tem segredo em escrever, é só se planejar. Planejei em escrever "x" contos por dia, pelo período de tantos dias e voilà!, saiu o livro. Não posso deixar de registrar a ajuda do grupo de WhatsApp chamado "Perspectivas literárias", onde meus amigos George e Bruno foram dois catalisadores do meu processo criativo em diversos momentos.


2. Da escrita

Por incrível que possa parecer, escrever o livro foi a parte mais fácil de todo o processo. Mas antes, Stephen King diz que a pesquisa é parte essencial de todo bom escritor. Como é que você vai escrever sobre algo que não sabe? O livro perde consistência. Por isso, aqui preciso registrar a ajuda do meu amigo Guilherme Cordeiro, da Igreja Presbiteriana do Sudoeste, em Brasília, que me sugeriu a bibliografia que compôs toda a base da verossimilhança do livro. 

Portanto, antes de escrever o livro, gastei um bom tempo me debruçando sobre literatura que explicava como era a vida cotidiana no período do Novo Testamento. A bibliografia consultada foi a que segue:
ALDRETE, Gregory S. Daily life in the Roman city: Rome, Pompeii, and Ostia. Westport: Greenwood Press, 2004.
BAILEY, Kenneth E. Jesus pela ótica do Oriente Médio: estudos culturais sobre os evangelhos. São Paulo: Vida Nova, 2016.
DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. São Paulo: Vida Nova, 1983.
HORSLEY, Richard; HANSON, John. Bandidos, Profetas e Messias: movimentos populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995.
PACKER, J. I; TENNEY, Merril C.; WHITE JR., William. O mundo do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2006.
__________. Vida cotidiana nos Templos Bíblicos. São Paulo: Vida Nova, 1982.
SAULNIER, Christiane. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1983.
SCARRE, Chris. The Penguin Historical Atlas of Ancient Rome. London: Penguin Books, 1995.
STRANGE, John. Herod and Jerusalem: the helenization of an oriental city. IN: THOMPSON, Thomas L (org.). Jerusalem in ancient history and tradition. London: T&T Clark International, 2003.
Toda esta fase de escrever o livro, incluindo a pesquisa, ocorreu em 3 meses. Não tem mágica, não tem segredo, é só se planejar. Cumpri minhas metas para escrever tantos contos em tanto tempo e deu certo. Aliás, um leitor atencioso, verá que eu me planejei para escrever 20 contos, mas no livro há 22. Isto será comentado mais à frente.


3. Das revisões alfa e beta

Revisão "alfa" é quando o projeto é revisto por alguém que foi participante dele; no caso, eu mesmo. Enquanto de Janeiro a Março eu estive debruçado sobre o processo de escrita, Abril todinho foi eu relendo o bendito texto e buscando erros, reorganizando a ordem de contos, acrescentando ou tirando partes deles e por aí vai. 

Final de abril eu enviei para os leitores beta (aqueles que não fizeram parte do projeto original) e pedi para que eles me devolvessem a opinião deles dentro de 30 dias. Bom, meus betas foram categorizados e escolhidos de maneira consciente. Todos fizeram o serviço voluntário, pelo bem à minha pessoa. Eles foram organizados da seguinte forma:
  • 2 leitores especializados: um escritor roraimense premiado, com alto conhecimento técnico e um editor da plataforma de livros online
  • 2 leitores com conhecimento especializado teológico e doutrinário
  • 4 leitores comuns: um não cristão e 3 cristãos, leitores variando entre bom e pouco conhecimento teológico/doutrinário; nesta categoria havia 2 mulheres e 2 homens.
É preciso deixar registrado que, destes 8 leitores betas, apenas um leu absolutamente todo o texto por completo, embora a maioria tenha dado algum retorno. Como não paguei pelo serviço, também não tinha como exigir retorno no prazo. De qualquer forma, tendo respondido ou não, no começo de Maio eu iniciei a segunda revisão (baseada nos comentários). Era preciso seguir em frente, por conta da próxima etapa.


4. Dos envios a editoras

Tendo terminado já esse horror de revisões, eu tinha em mãos a primeira "boneca" do livro. O próximo passo era enviar isso para editoras e ver se alguma delas toparia publicar meu livro. A princípio, eu não estava enganando a mim mesmo. Eu sinceramente pensava que talvez este livro (justamente por ser o primeiro e eu um autor desconhecido) seria por via de autopublicação.

Neste caminho, o autor na verdade paga uma prestadora de serviços (que muita gente chama por aí de "editora") que faz todo o serviço editorial, ou seja, diagramação, registro de ISBN, impressão e até distribuição em alguns casos. O que eu (e todo autor) queria seria na verdade uma publicação tradicional, em que a editora paga o autor pelos direitos autorais do livro e ela mesma faz todo o processo. 

Aqui começou outra pesquisa: eu precisava saber para onde estava enviando este material para o qual já tinha me empenhado tanto. Não dava pra simplesmente enviar a torto e à direita. Por isso, eu criei uma super tabela no Excel, onde listei todas as editoras que consegui achar. Depois, fui ver o catálogo de cada uma delas, até pra ver se elas topariam publicar um livro de ficção cristã.

Olha, essa parte deu muito, muito trabalho mesmo. Em alguns casos eu tive até que ligar para editoras só pra saber se elas estava aceitando originais. Algumas pediam um projeto do livro, em vez do arquivo todo; outras tinham formulários próprios; e algumas não estavam recebendo. Enviei para um total de 46 editoras.

Mas até mesmo este envio não foi de qualquer jeito. Eu preparei um "sales pitch", uma espécie de propaganda-sinopse que apresentava não apenas o livro, mas também o processo de leitura beta pelo qual ele já havia passado, as revisões e até mesmo quais seriam os meus planos caso a editora topasse publicar. 

O que eu queria mostrar para a editora era: se vocês toparem, não estarão lidando com um escritor idealista ou à toa; mas com alguém que estará empenhado em trabalhar em todas as etapas do processo, que, aliás, não para com a publicação do livro em si.

Não sei o que foi que eu fiz, mas deu certo. No começo de Maio eu disparei um monte de e-mails para diferentes editoras, apresentando meu trabalho. O mês não tinha nem terminado quando a editora Cultor de Livros entrou em contato, falando que tinha gostado do material. Eu lembro que quando li o e-mail mal pude acreditar. Tanto foi que eu respondi perguntando se era publicação tradicional ou autopublicação e eles disseram que era a primeira opção.

Gente, novamente o agir de Deus se fazendo tão evidente! Eu, um autor desconhecido, no meu primeiro livro, já sendo publicado por uma editora que, diga-se de passagem, não é uma editora qualquer! Juro pra vocês que, nas semanas que se seguiram, eu tinha certeza que a qualquer momento eu receberia um e-mail da editora dizendo: "Caro Sr. Gabriel, queira perdoar o equívoco. Favor desconsiderar o e-mail anterior".

Para minha grande surpresa, isso não aconteceu. Assinamos o contrato e eu mesmo tive que pedir pra editora pra não publicarmos tão rápido! Ela já queria lançar, mas eu sabia que antes eu precisava divulgar, criar uma base de leitores, fazer muita coisa! Tipo, eu precisava ainda acordar e saber que eu teria um livro publicado. 

Ah, mas toda essa trabalheira até agora não foi nada se comparado com o que viria a seguir. Meu Deus, jamais imaginei que seria tão cansativo. Foi como disse: escrever foi, de longe, a parte mais fácil de toda esta saga. Sigamos em frente.


5.1 Da produção do livro: ilustração e revisão

Esta fase compreende os meses de Junho até Outubro. Como podem ver, foi a etapa mais longa de todo o processo. A primeira coisa que precisa ficar clara aqui é que, apesar dos meus problemas com autoconfiança e autoestima, a editora realmente acreditou em Personagens não bíblicos e suas histórias desde o começo.

Eu já devia ter apresentado a vocês a Vanessa Pozzoli. Ela, para todos os efeitos, é a minha editora. Todo o contato que eu tive com o Cultor foi por meio dela e ela que esteve intermediando e me auxiliando em todo o processo, desde a recepção do original até há alguns dias atrás quando eu mandei um whats com dúvidas.

Foi pouco depois de já ter aceitado o original, que a Vanessa me perguntou: "Gabriel, você pensou em colocar ilustrações no livro?". E eu disse: "Olha, a princípio não havia pensado. Mas também não vejo problema". E aí já temos mais uma mostra do valor que a editora deu ao livro. O próprio Cultor de Livros disse: "Então nós vamos pagar e colocar ilustrações também".

Ainda pasmo com tudo o que acontecia, tanto eu como a editora trabalhávamos na produção do livro. Neste ponto, dois processos aconteceram em paralelo. Eu trabalhei diretamente com a Elisa Storrari, que foi a ilustradora do livro, e nós fomos fazendo uma a uma de todas as ilustrações. Eu dava uma ideia do que queria, ela fazia um esboço, eu aprovava (ou não) e ela fazia o traço final. 

Esta questão da ilustração foi muito trabalhosa também, porque eu não entendo nada disso! Então eu ainda tinha que imaginar o que se encaixaria melhor. Tá certo que várias vezes a própria Elisa sugeriu e foram sugestões perfeitas! Mas teve uma ou outra que teve mais bate-e-volta do que eu gostaria até chegarmos no denominador comum.

Quer ver mais uma coisa que ninguém nem imagina? Eu tive que ajudar a escolher a fonte que seria usada tanto no texto quanto na capa do livro! Quer dizer, eu não era obrigado a isso. Se eu quisesse, poderia largar tudo na mão da editora. Mas eu tinha plena consciência de que um bom profissional não faria as coisas assim, era preciso estar engajado e envolvido em tudo.

Paralelo a isso, a editora havia enviado o original para revisão. Depois que a revisora fez suas considerações, era minha vez de re-re-reavaliar o texto, agora considerando todos os apontamentos que a revisora profissional fez. Gente, só um detalhe: ela sugeriu mais de 2000 correções no meu texto! E olha que ele já havia sido revisado várias vezes. É, meu povo, pense num negócio sem fim.

Então lá fui eu também reler tudo de novo e revisar, ver o que concordava ou não. Até devolver finalmente para a Vanessa. Neste ponto, o texto já estava pronto para ser diagramado, tendo praticamente também todas as ilustrações pelo menos já pré-encaixadas. Porém, neste ponto, uma outra coisa surgiu.

A revisora, ao ver a estrutura orgânica do livro, destacou que havia um gap, um buraco na linha do tempo dos acontecimentos do Novo Testamento. Enquanto eu havia escrito histórias para os principais fatos, eu simplesmente tinha deixado de fora a morte e a ressurreição de Jesus! Quando vi isso eu falei para mim: "Meu Deus! Eu deixei de fora justamente os principais acontecimentos!"

Tendo visto isso, resolvi. Falei pra Vanessa: vou escrever mais dois contos, um para cada acontecimento. O problema: o pessoal já queria mandar pra impressão. Pra não atrasar, eu teria que escrever os dois contos em uma semana. E adivinha só? Eu me planejei, fiz um brainstorm relâmpago com o George e o Bruno e, uma semana depois, lá estavam os dois contos.


5.2 Da produção do livro: capa e detalhes

Pra ser bem sincero, esta etapa aqui não foi tão trabalhosa assim. É só que, depois da luta que foram as ilustrações e a revisão, nossa, imaginar que ainda teria mais coisas depois pra ver foi de matar. Aqui o problema da capa se tornou algo do qual não poderíamos mais escapar. A verdade é que ninguém sabia direito o que colocar nela.

A Elisa sugeriu uma capa e eu concordei, mais por cansaço. Porém quando vi o resultado final, não dava. Eu tinha que pensar em outra coisa. Foi quando parei pra pensar e novamente a ajuda do Guilherme Cordeiro foi essencial. Num pequeno brainstorm com ele, poucas mensagens no Whats, puff, nasceu a ideia da capa do livro. E como ficou perfeita!

Os outros detalhes incluíam: lombada do livro, texto da contracapa, texto das orelhas, foto para orelhas, QR para Instagram no final, pensar em cores para o livro, e por aí vai. Avaliem, meus amigos, que depois de escrever, revisar, pensar, criar e tudo mais, ainda tive que escrever outros textos para outras partes do livro. Coisa que jamais imaginei! Aliás, tudo isso ocorria paralelo a algumas coisas da seção anterior também.

Ah, e a foto? Imaginem só que o livro estava praticamente pronto pra ser enviado para impressão e eu não tinha a foto da orelha de trás! Meu Deus, ainda tinha isso pra ver. Lá fui eu ligar pra meio mundo de fotógrafos que eu conhecia, porque precisava tirar a foto e enviar em praticamente dois dias. Foi uma correria só, mas Deus providenciou tudo (tal como fez em todas as etapas do livro) e por milagre até que a foto saiu boa!

Quanto aos detalhes, eu tive que encarar a bronca e escrever tudo, não tinha pra onde fugir. Eu cheguei até a escrever um texto que seria para "Agradecimentos", mas depois o Cultor achou que não precisava e só a minha "Nota do autor" já seria o suficiente para funcionar à guisa de introdução. 

Ah, meus amigos mas graças a Deus, enfim, chegou o fim da produção. Um dia recebo um whats da Vanessa me informando que os livros foram para a gráfica e teríamos que aguardar algumas semanas até que eles ficassem prontos. Meus amigos, que saga não é mesmo? Quisera eu dizer que ela acaba por aqui. Mas ainda tem muita coisa pela frente.


6. Divulgação

Eu coloquei isto em um tópico separado, mas só para fins didáticos porque, na verdade, a divulgação começou no momento que a Cultor de Livros resolveu aceitar meu livro. Foi em Maio que eu iniciei o Instagram literário "Escritor ao Acaso", postando microcontos de ficção cristã (na maioria), poemas e vídeo-resenhas de segunda a sexta com quase nenhuma falha.

Eu entendi que, se eu quisesse ter alguma chance de levar meu livro pra frente, eu precisaria ter uma comunidade de leitores que tivesse algum vislumbre do meu trabalho e estivesse disposta a me ajudar a carregar o projeto adiante, seja porque são meus amigos próximos, sejam porque realmente gostaram do conteúdo e querem fazê-lo voar.

A divulgação ocorreu em paralelo com o Facebook também, onde utilizei minha página pessoal pra dobrar o que era postado no Insta. Mas, conforme o lançamento do livro foi se aproximando, comecei a investir em divulgação offline também. Daí surgiram meus cartões de visita, cartazes e panfletos para o lançamento e até mesmo alguns marca-páginas que acompanharam o livro nas vendas.

Não consigo destacar tanto como o engajamento do autor é absolutamente essencial pra que tudo isso dê certo. Na etapa de divulgação offline, pré-lançamento do livro, eu fiz questão de passar em todas as igrejas presbiterianas de Boa Vista, dei meus pulos pra estar em eventos onde sabia que haveria público-alvo, marquei horário com pastores e outras pessoas só pra divulgar o livro. E por aí vai.

Na reta final, já próximo do lançamento do livro, fui também na mídia local. Catei todo tipo de divulgação que eu consegui. Dei entrevista na rádio, procurei jornalistas pra colocar matérias em jornais, até entrevista na TV eu dei. Onde eu podia, lá estava eu tentando falar de "Personagens não bíblicos e suas histórias". 

Aqui talvez você se pergunte: por quê? Por que se desgastar tanto pro lançamento do livro? E eu preciso deixar bem claro aqui. Porque era meu dever. Entendam: este livro nunca foi meu. Vocês finalmente estão entendendo o porquê. Do começo ao fim, o agir de Deus é tão evidente que eu não tenho outra escolha senão me entregar de corpo e alma para cumprir o propósito que Ele tão claramente colocou na minha vida. 

Me empenhar ao máximo em todas as etapas para que tudo funcione não é um peso, não é uma obrigação, é um privilégio. Poucas vezes na minha vida a vontade de Deus foi tão clara. Realizar todo este esforço é, na verdade, um grande alívio para mim. Um alívio saber que estou fazendo a coisa certa.


7. Da noite de autógrafos

Neste ponto nós praticamente já não estamos mais falando do livro. A Noite de Autógrafos foi um evento em si. Teve eu lá assinando, teve música ao vivo com o trio Tulip, com a Sociedade Roraimense do Choro, teve exposição de desenhos de Noemi Lima e Lindcy Gomes, teve Vereador que compareceu, professor da UFRR, representante de Deputado Estadual, teve comida, teve família, teve amigos, teve gente que eu nem conhecia. Teve de tudo um pouco.

Quero destacar que nunca mais eu faço evento que dependa de patrocínio. Ou é do bolso, ou é com financiamento externo, ou não faz. Muita humilhação a troco de nada (pelo menos aqui em Roraima, digo). Mas que fique registrado que eu corri atrás. Fiz ofício, bati de porta em porta, pedi mesmo, coloquei a logo de quem ajudou no banner, fiz tudo que era preciso. Mas eu escrevo aqui sobre isso, não por conta do evento em si; mas pelo que aconteceu na semana do evento. Eis a história.

Que a distância entre São Paulo (de onde vieram os livros) e Roraima é grande, não deveria ser surpresa pra ninguém. O que aconteceu foi o seguinte: o frete atrasou. Os livros não chegariam em tempo para o lançamento dos livros. Não bastasse isso, teve protesto na BR e os garimpeiros fecharam a passagem. Tudo indicava que não haveria livros para o lançamento dos livros.

Ah, este foi um momento para provar a fé deste pecador. Uma noite mal dormida. E pela manhã uma nova decisão: "O Senhor que abriu as portas até aqui. Se, neste momento, Ele resolver fechá-las, então é porque isto era o melhor pra mim. Que eu encare as consequências deste infortúnio, mas encaro de cabeça erguida. A fé não é a certeza de que tudo vai dar certo; mas a certeza de que, mesmo que tudo dê errado, Deus ainda está no comando e, se é Ele quem comanda, não há nada que seja possivelmente melhor que a Sua vontade."

Amados, eu continuei planejando e divulgando o evento como se nada estivesse dando errado. Na certeza de que, se chegasse o dia 09/11/2019 e eu não tivesse livros, não haveria evento e eu sairia por Boa Vista inteira pedindo desculpas. E não se enganem, naquela semana eu ligava praticamente todo dia pra transportadora, falava com conhecidos, ligava pra sede da transportadora em Manaus, tentei ir pessoalmente lá pegar, não fiquei parado esperando a coisa acontecer não.

Na véspera, meus queridos, na véspera. A transportadora me ligou dizendo que eu poderia ir lá retirar as caixas. Eu chorei; mas, ah, que alívio! Foi a Priscila Lira que foi lá comigo receber a encomenda. Estava tudo certo, podíamos ir em frente. Ainda nesta vez o Senhor abriu as portas e permitiu que tudo desse certo. Louvado seja o nome do Senhor!


8. Novamente o resumo da ópera

O ano de 2019 termina cheio de grandes histórias. O resumo da ópera? Simples: 350 livros vendidos em menos de dois meses. Eu teria história pra contar de como vendi 73 livros em seis dias em Brasília, mas isso fica pra outra ocasião. Um amigo escritor dos EUA perguntou quantos destes 350  livros eram virtuais. "Ué, nenhum", respondi. Sua réplica foi: "Esta é uma quantidade absurda de livros físicos!"

O que posso dizer? Apenas ser grato por Deus ter usado um pecador como eu para engrandecer o Seu nome através deste humilde livro. E agora? Quais os caminhos pela frente? Ah, quem sabe um livro de microcontos, quem sabe um segundo volume de Personagens não bíblicos e suas histórias (já pensou?), quem sabe um livro de fantasia, quem sabe outra coisa diferente.

Uma coisa é certa: não há mais dúvidas. Não sou mais um Escritor ao Acaso. Sabe de uma coisa? Acho que nunca fui.
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor o vosso trabalho não é vão." (I Co. 15:58)

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