quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Resenha - The Judgement of Paris

VIDAL, Gore. The Judgement of Paris. St. Albans: Panther Books, 1976. 317p. Paperback.


Há livros com tamanha erudição que é preciso todo um contexto intelectual para se encontrar nele. Não gosto desses livros. Essa aguçada intelectualidade expressa no uso de diferentes idiomas, referências aos gregos clássicos e diversas paráfrases de grandes filósofos ou autores clássicos não faz meu estilo. Nem como leitor, nem como escritor.

Gore Vidal, por um lado, é sensacional. "The Judgment of Paris" é tipo um "Keep up with the Kardashians" dos anos 1950: não fala nada, não tem nada, não acontece nada, mas você fica preso nele sem nenhum motivo aparente e se deixa levar pela narrativa.

Na primeira parte do livro somos apresentados ao jovem Philip Warren, um americano de 20 anos que deixa os EUA por 1 ano para passear pela Europa, numa tentativa de se redescobrir e desfrutar dos prazeres mundanos. Hedonismo na sua essência, mas disfarçado com a busca constante pelo "algo maior", que ele sempre procura nos lugares errados. Começa em Roma, passa pelo Egito e termina na França, sempre se deparando com gente muito intelectual, ou rica, ou poderosa: a socialite do pós-Segunda Guerra, com todos seus benefícios e seus podres escondidos.

Envolvendo-se com uma ou outra, e sendo convidado por um ou outro para diferentes aventuras, depois de um ano inteiro passeando, a gente fica que nem Warren no final do livro: tanto tempo gasto e ainda não sabemos onde chegamos. Essa foi minha maior sensação, mesmo que no último capítulo Vidal ainda finalize as pontas soltas e dá um último detalhe a cada uma das principais personagens.

No fundo, não é meu tipo de literatura, sinceramente se eu quisesse ler um livro de filosofia, simplesmente o faria. A narrativa prende o leitor nem tanto pela descrição ou pelas falas, mas pelo encadeamento das ideias nas frases. Ao fim, porém, lia movido apenas pelo misto da esperança de um final que valesse a pena e da necessidade de dizer que terminei-o.

Eu não conhecia Vidal e alguns dirão que há outros exemplos melhores dele, mas pra mim já deu pra ter uma noção da tônica. Há quem goste, só não é o meu caso.

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