sábado, 28 de março de 2020

Resenha - Guerra dos Mundos

WELLS, H. G. War of the Worlds. E-book. AmazonClassics, 2017.


Consegui este livro de graça na Amazon. Ele foi liberado por conta da quarentena que o mundo enfrenta devido ao avanço do Corona vírus (COVID-19). Sei que o pessoal que ler isto vai achar óbvio, mas fica aqui um registro de em que condições eu adquiri o livro. Isto será relevante para algo que eu tenho a dizer no final da resenha. Seguimos.

Veja bem, Guerra dos Mundos é um clássico da ficção científica, mas ele foi escrito no final do século XIX, ou seja, em outra época, para outro público. É inegável que o conteúdo dele é décadas à frente do seu tempo. Uma narrativa bem verossímil de fatos que a humanidade naquela época nem cogitava ter a capacidade de desvendar. Não obstante, era outra época. Tendo dito isto: o livro é muito chato.

Desculpe pela franqueza (e olha que eu sou um nerd desde a infância!). Talvez eu tenha sido contaminado pelo filme e sua dinâmica. Mas, em minha defesa, eu vi o filme há muito tempo. Eu era criança e, pra vocês terem ideia, eu sequer lembro quem eram os atores do filme. A lembrança que vem clara na mente são os tripods e o barulho ensurdecedor que eles emitiam.

Para mim o problema fatal do livro é apenas um: ele é lento e tem um excesso de descrições. Stephen King ensina que uma boa narrativa repousa em cima de três pilares: narração, descrição e diálogo. Em Guerra dos Mundos, nós temos bastante narração, descrição e pouquíssimo diálogo. Nossa, é chato demais ter que ver as coisas acontecendo sem interações de personagens!

Pra ter uma ideia, a história só vai começar a ser mais ativa a partir do capítulo quatro, quando o primeiro cilindro (que as pessoas achavam ser um meteoro) começa a se abrir e dali saem os primeiros marcianos. Pena que os bichinhos não estavam prontos para a atmosfera da Terra e precisam voltar para seus tripods que soltam raios de calor e fumaça venenosa. Nada demais.

Olha, não sei se é porque li em inglês, mas algumas descrições parecem confusas para mim. Penso que, se não tivesse visto o filme, não teria compreendido totalmente o que acontecia na cena. Eu sinceramente achei a leitura muito, muito cansativa e lenta. Eu sei que isso é uma marca do meu tempo, onde a velocidade da informação é uma norma. 

Bom, de qualquer forma, está aí um clássico que estava muito à frente do seu tempo. Ah! E pequeno spoiler (embora eu acho que todo mundo saiba como os alienígenas morrem no final). Achei legal a citação que cita a ocasião em que o Narrador vê os alienígenas mortos em Londres: 
"[...] and a dozen of them stark and silent and laid in a row where the Martians–dead!–slain by the putrefactive and diseas bacteria against which their systems were unprepared; slain as the red weed was being slain; slain, after all man's devices had failed, by the humblest things that God, in his wisdom, has put upon this earth." (p. 184, grifo meu) 
Sabe por que eu achei interessante citar isso? Porque, vejam só!, é exatamente isto que está acontecendo nos dias atuais! Eu estou de quarentena em casa porque uma das criaturas mais desprezíveis da Terra está nos fazendo de reféns. Não apenas eu, mas o mundo inteiro. 

Neste quesito, parece que Wells realmente acertou na mosca e foi um visionário incrível. Pena que, no caso atual, não são os alienígenas que estão à mercê destas criaturas. Só podemos pedir que Deus tenha misericórdia de nós. Afinal, mesmo com toda a tecnologia do mundo, o ser humano não é e nunca será indestrutível.

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