segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Resenha - O vampiro de Curitiba

TREVISAN, Dalton. O vampiro de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1997.


Mas que droga de livro, hein? Este é um compilado de 15 contos sobre o "Vampiro de Curitiba". Pra falar bem a verdade talvez a culpa tenha sido minha de criar expectativa sobre o "vampiro", que não tem nada de vampiro. A única similaridade com a criação de Stoker é a sedução de mulheres. Sobre o que é o livro, então? Sobre Curitiba? Nem isso sei.

Na sequência de 15 contos, nos deparamos com o jovem "Nelsinho", que é descrito em 15 aventuras amorosas diferentes ("amorosas" é ser gentil, a palavra que deveria usar era "sexuais" mesmo). Nestas aventuras, Nelsinho, que parece um adolescente cheio de hormônios incontroláveis, depara-se com uma série de moças e tenta conquistar todas elas. Algumas ele consegue, e se desenrolam algumas cenas meio quentes, mas que (para mim) não levam a lugar algum, senão ao próprio ato da conquista. Algumas ele não conquista, mas não significa que não haja ato sexual na história.

Isso é meio tenso na história. Teve mais de um caso de abuso e o que mais chocou foi o conto "Debaixo da Ponte Preta". Percebi que a ideia do autor foi de realmente causar o choque, de uma sociedade que muitas vezes vê a mulher apenas como objeto sexual. Este conto ainda tem um diferencial, que mostra o mesmo acontecimento sob o ponto de vista de diversos personagens. Foi uma sacada narrativa interessante. Apenas alguns minutos de ação descritos de diversos pontos.

Falando sobre narração, porém, não posso negar que o cara escreve bem. Há um equilíbrio entre narração, descrição e diálogo (o tripé da boa escrita, segundo Stephen King). Os diálogos também são bem construídos e verossímeis. Confesso que por não estar ainda tão ligado nesse tal de discurso indireto, às vezes me confundo na leitura e acho complicado desnecessariamente. 

Por outro lado não entendo alguns leitores condenando quem usa aspas para indicar falas (como em: "Eu vou", ela disse) enquanto Trevisan não tá nem aí e coloca falas misturadas com a narração, bem no meio do parágrafo, indicando-as com itálico. Mas seu estilo ainda é o clássico mesmo, de travessão, parágrafos e tudo o mais.

A edição é muito bonita e bem trabalhada. Record ficou de parabéns, a capa dura com contrastes dourados achei de qualidade bem especial. Soubesse eu o conteúdo do livro com antecedência, não teria pago os trinta contos que paguei. Não sei se esses escritores contemporâneos são meio estranhos de ler ou eu que tenho problemas com eles. São poucos os que me agradam. C'est la vie.

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