VOGLER, Christopher. A jornada do escritor: estruturas míticas para escritores. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
Esse é um daqueles livros que tem que resenhar por partes, porque tem tanta coisa pra se aprender, que a gente não pode correr o risco de deixar alguma coisa pra trás. Essa primeira parte vai tratar basicamente da Jornada do Herói de Campbell, que muitos conhecem. É um resumão dos principais pontos da Jornada e dos Arquétipos, de Carl Jung (vou explicar isso logo abaixo).
Confesso que sempre fui temeroso em ler sobre a Jornada do Herói, porque morria de medo de que isso influenciasse minha escrita ao ponto de que eu ficasse preso a fórmulas. Mas a grande verdade, algo que o próprio Vogler menciona, é que, para rejeitar o padrão, é preciso conhecê-lo. Além disso, é interessante que a Jornada do Herói não é exatamente a mesma em qualquer lugar do mundo: conforme as culturas variam, ela também varia. O bonito por trás disso, porém, é que algumas coisas permanecem, independente da cultura.
Olhando pragmaticamente, eu, como escritor ao acaso, vejo que preciso dessas ferramentas nem que seja para começar minha jornada. Talvez no futuro eu as rejeite ou abrace-as e modifique de um jeito que seja só meu. Mas, a princípio, cedi à necessidade de conhecer esse tema.
A ideia por trás da Jornada do Herói é simples: todas as histórias tem elementos presentes na sua estrutura que são comuns, ou seja, são encontrados quase que universalmente, seja em em mitos, contos de fadas, sonhos, filmes, etc. Quem teve essa sacada foi Campbell com O herói de mil faces. Campbell percebeu esses elementos comuns e chegou à conclusão de que todas as histórias são basicamente a mesma história recontada mil vezes e de mil maneiras diferentes.
A Jornada do Herói, portanto, é um modelo que esteve presente em toda a história, em todas as culturas, ainda que tenha suas variações. A ideia de Campbell corre paralela à do psicólogo suíço Carl Jung, que desenvolveu a ideia de "arquétipos". Esses seriam aspectos da mente humana que estão presentes em toda e qualquer sociedade, levando ao que Jung chama de "inconsciente coletivo da humanidade". Vogler é bem claro em dizer que seu livro não substitui a leitura desses originais.
A jornada do herói, é, como nome diz, uma jornada. Em qualquer boa história que conhecemos, o herói cresce, luta, se transforma. Os estágios da jornada do herói são comuns em toda e qualquer história, mesmo quando o escritor não está ciente delas. Vogler faz seu próprio desenho da jornada e a classifica em doze etapas:
Olhando pragmaticamente, eu, como escritor ao acaso, vejo que preciso dessas ferramentas nem que seja para começar minha jornada. Talvez no futuro eu as rejeite ou abrace-as e modifique de um jeito que seja só meu. Mas, a princípio, cedi à necessidade de conhecer esse tema.
A JORNADA DO HERÓI
A ideia por trás da Jornada do Herói é simples: todas as histórias tem elementos presentes na sua estrutura que são comuns, ou seja, são encontrados quase que universalmente, seja em em mitos, contos de fadas, sonhos, filmes, etc. Quem teve essa sacada foi Campbell com O herói de mil faces. Campbell percebeu esses elementos comuns e chegou à conclusão de que todas as histórias são basicamente a mesma história recontada mil vezes e de mil maneiras diferentes.
A Jornada do Herói, portanto, é um modelo que esteve presente em toda a história, em todas as culturas, ainda que tenha suas variações. A ideia de Campbell corre paralela à do psicólogo suíço Carl Jung, que desenvolveu a ideia de "arquétipos". Esses seriam aspectos da mente humana que estão presentes em toda e qualquer sociedade, levando ao que Jung chama de "inconsciente coletivo da humanidade". Vogler é bem claro em dizer que seu livro não substitui a leitura desses originais.
A jornada do herói, é, como nome diz, uma jornada. Em qualquer boa história que conhecemos, o herói cresce, luta, se transforma. Os estágios da jornada do herói são comuns em toda e qualquer história, mesmo quando o escritor não está ciente delas. Vogler faz seu próprio desenho da jornada e a classifica em doze etapas:
- Mundo Comum → É de onde o Herói sai. Em toda história o Herói vai para um Mundo Especial. Mas antes de ir pra lá, o escritor tem que posicionar o personagem no seu cotidiano, até que algo o tire dele.
- Chamado à Aventura → Algo acontece que faz que o Herói não possa simplesmente permanecer no Mundo Comum. Isso estabelece um novo objetivo para o Herói
- Recusa do Chamado → É o medo do desconhecido. O Herói sempre hesita antes da sua aventura. Nesse ponto é precisa que surja alguma influência ou acontecimento que empurre o Herói pra frente, geralmente é um encorajamento do Mentor.
- Encontro com o Mentor → A relação do Herói com o Mentor é um dos temas mais profícuos na mitologia e em diversas histórias, com grande valor simbólico. Nesse ponto, a função do Mentor é preparar o Herói para enfrentar o desconhecido, mas ele não acompanha o Herói.
- Travessia do Primeiro Limiar → É aqui que a aventura decola e realmente inicia. É o ponto da jornada que, após ultrapassado, não dá mais pra voltar atrás. Marca o início do segundo ato, é o fim do primeiro momento da história.
- Testes, Aliados, Inimigos → Aqui o Herói começa a aprender as regras do Mundo Especial, que ele adentrou. Aqui podem acontecer aventuras diversas, construindo aspectos do Herói e de sua equipe (caso ele se junte a outras pessoas por aqui).
- Aproximação da Caverna Oculta → O Herói então chega à fronteira de algo ou um lugar perigoso, escondido, profundo, onde está algum objeto de sua busca. Após entrar nesse lugar o herói vai passar pelo Segundo Limiar.
- Provação → O momento sinistro da história. O Herói confronta diretamente seu maior inimigo ou maior medo, é levado ao extremo. É nesse momento crítico que o Herói morre ou parece morrer, para renascer em seguida. Geralmente nesse ponto a história já foi construída de uma forma que nos identificamos com o herói e o que acontece com ele parece ser conosco. Toda história precisa de um momento de vida-ou-morte como esse.
- Recompensa → Após sobreviver a morte, o Herói então pode ter a sua Recompensa. Pode ser qualquer coisa, desde um objeto mágico até o conhecimento de algo ou a própria experiência da jornada.
- Caminho de Volta → No terceiro ato, portanto, o Herói agora vai lidar com as consequências das suas ações e promover o retorno. Geralmente aqui são as cenas de perseguição ou fuga. Essa fase marca a decisão do Herói em voltar ao Mundo Comum.
- Ressurreição → É um segundo momento de vida-ou-morte, quando parece que tudo já está bem, o Herói tem que enfrentar novamente a morte ou escuridão que, num ato final e desesperado, fazem de tudo para derrotá-lo.
- Retorno com o Elixir → O Herói então volta ao Mundo Comum, mas ele não pode voltar de mãos vazias. A jornada tem que ter algum significado nisso tudo, por isso ele traz o Elixir (que pode ser um objeto, conhecimento, experiência, qualquer coisa).
A Jornada do Herói é um esqueleto de história, que deve ser preenchido com detalhes e surpresas únicos. Essa estrutura, porém, pra ter o efeito desejado, não pode ficar visível, não pode nem sequer ser mencionada; além disso, não deve nem ser rígida demais. Todas as etapas são alteráveis e algumas podem até ser suprimidas, a depender da história.
ARQUÉTIPOS
Como já dito, a ideia de arquétipos nasceu com Carl Jung, que propôs que pode existir um "inconsciente coletivo", semelhante ao individual, onde há padrões de personalidades que são comuns à toda a raça humana. De qualquer maneira, é importante que o escritor domine essas terminologias e, pelo menos, conheça os principais arquétipos e suas funções.
Vogler ensina que, ao contrário do senso comum, os arquétipos não devem ser encarados como papéis rígidos de personagens, mas funções que vários personagens podem desempenhar do decorrer da trama. Ao vê-los dessa forma, é possível deixar a narrativa mais fluída e dinâmica, encarando os arquétipos não como personagens em si, mas como máscaras, que eles colocam conforme a situação. Isso é tão verdade que vários arquétipos podem estar presentes até mesmo no Herói, como facetas de sua personalidade, como símbolos da personalidade humana.
Vogler classifica os principais arquétipos como: Herói, Mentor, Guardião do Limiar, Arauto, Camaleão, Sombra e Pícaro. Ele mesmo afirma que essa lista não é exaustiva, mas esses são os mais comuns. Para identificar a natureza do arquétipo, o escritor deve responder às perguntas: "Que função psicológica, ou que parte da personalidade ele representa?" e "Qual sua função dramática na história?"
#Herói
- A ideia básica do Herói é de alguém que está disposto a se sacrificar em benefício dos outros
- Em termos psicológicos é o que Freud chama de "ego"
- Porém, o herói deve transcender o ego, suas ilusões e limites.
- Na jornada, o Herói deve se tornar completo, incorporar o que faltava para se tornar integral.
- O herói é a porta de entrada para a história
- Para acompanhar a história, o escritor dá ao herói uma combinação de características únicas
- Essas qualidades são coisas com as quais nós nos identificamos → eles têm que ter emoções e motivações que todo mundo já tenha sentido
- Por isso essas histórias nos convidam a nos identificarmos com os heróis
- A combinação dessas coisas é que faz com que nós vejamos o herói como uma pessoa de verdade
- Na história, o herói deve crescer, mudar, se transformar
- Em histórias com vários personagens a gente às vezes pode perguntar: quem é o Herói? Vogler diz que o Herói nas histórias é sempre aquele que mais se transformou durante ela
- O Herói se transforma pela ação → ele é agente ativo na história
- Um erro frequente de muitos escritores (conforme ensina Vogler), é fazer um herói ativo durante toda a história, mas na hora H fica passivo frente à situação, sendo salvo por alguma força externa.
- Nessas ações, uma das marcas do herói é que ele se sacrifique em prol de outros
- O verdadeiro heroísmo só vai aparecer numa situação de vida-ou-morte
- Por isso os heróis que funcionam melhor nas histórias são os que se sacrificam
- Lembrando da ideia de Vogler em encarar os arquétipos como "máscaras"
- Vale lembrar que diversos personagens na história podem ter o arquétipo do herói em alguns momentos
- Pode até ser um vilão que veste a máscara (estou falando de você, Darth Vader).
- É importante que o herói tenha defeitos
- Isso humaniza o personagem → interessante que quanto mais neurótico, mais parece que a plateia se identifica com o herói
- Os defeitos ajudam também no "arco do personagem"
- É o caminho que o herói percorre para o aperfeiçoamento
- As etapas desse aperfeiçoamento são a jornada
- A disposição do herói também varia
- Pode ser um herói decidido, sedento pela aventura
- Pode ser um herói relutante, hesitante → esse precisará ser motivado por algum fator
- Variedades de Herói
- Anti-Herói
- Não é o vilão → é alguém que pode ser considerado marginal pela sociedade mas com quem a plateia se solidariza, devido as suas características
- Geralmente são heróis trágicos, cínicos, feridos → a ideia é um Herói com defeitos mas que nunca conseguiu superar esses defeitos, sendo derrotado por eles
- Heróis voltados para o grupo → o mais comum. Estes muitas vezes enfrentam a escolha de voltar para o Mundo Comum ou permanecer no Mundo Especial
- Heróis solitários
- São heróis cujo estado natural é a solidão
- Muitas vezes sua jornada é: 1º ato = retorno ao grupo; 2º ato = aventura com o grupo; 3º ato = retorno à solidão
- Heróis catalisadores
- São heróis, figuras centrais, mas que não mudam muito no decorrer da história, porque sua principal função é catalisar transformações em outros personagens
- Geralmente sua personalidade está totalmente formada, não tem muita trajetória
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Vou parar por aqui pra não alongar muito o post. O Herói é o arquétipo principal, e penso que foi coberto na totalidade do que Vogler explicou. No outro vamos falar dos outros seis arquétipos e com isso encerramos a primeira parte do livro de Vogler, para depois adentrarmos na Jornada do Escritor.
Vou parar por aqui pra não alongar muito o post. O Herói é o arquétipo principal, e penso que foi coberto na totalidade do que Vogler explicou. No outro vamos falar dos outros seis arquétipos e com isso encerramos a primeira parte do livro de Vogler, para depois adentrarmos na Jornada do Escritor.
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