segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Resenha - Writing fiction (IV): Finger exercises

CASSILL, R.V. Writing fiction. 2nd edition. New York: Prentice Hall Press, 1986.


PARTE IV: EXERCÍCIOS, CADERNOS E LISTAS

Na resenha de hoje, Cassill resolve ir pra prática e dá algumas dicas ainda mais diretas de como aplicar tudo que já tem ensinado até então. Antes de seguir, entretanto, vale uma ressalva que ele mesmo disse: "Your waste basket is the right and proper destination for everything you turn out as an exercise." (p. 36). Não se preocupe, apenas treine. Agora sim, prossegumos:
  • Descrições
    • Pratique descrições → curtas, médias e longas
    • Lembre-se que as descrições se tratam de observações → isso implica em optar pelo mais relevante 
  •  Narrações
    • Aqui já é o contrário da descrição → não deve focar em detalhes
    • A narração consiste em generalizar ou sumarizar um período de tempo extenso 
  • Cenas
    • Pegue uma cena do seu cotidiano e corra pra escrever
    • Chegando na mesa, você tem duas opções (ambas válidas)
      • Escreva tudo o que você conseguir lembrar: ações, diálogo, aparências, etc.
      • Faça uma seleção econômica e traga a essência da cena 
    • Você deve testar sua capacidade de observação e lembrança: quanto mais treinar, melhor ficará.
      • Mas o escritor não deve registrar as coisas igual uma câmera
      • Por causa disso → as ocasiões mais valiosas para treinar são aquelas em que o escritor é um personagem e não uma mera testemunha
  • Imitação → Não tenha medo de praticar um pouco de imitação 
    • Não há demérito nenhum em praticar utilizando conhecimento e técnicas já conceituadas
    • Quando você imita diretamente um texto escrito, você aprende a identificar o que é válido para ser imitado 
      • Não dá pra imitar sem compreender bem o que se está fazendo
      • Além disso, não há nenhuma obra que não utilize, ainda que pouco, a imitação
  • Transposição → este é o nome que Cassill dá para este exercício
    • Assemelha-se muito à transposição na Música → tirar de uma tonalidade e colocar em outra
    • A ideia inicial é: se um texto está em 1ª pessoa, reescreva-o na 3ª pessoa
      • Isto obriga a adaptar diversas coisas no texto
      • Mas não é só reescrever → é também justificar as escolhas e ações sem utilizar os insights da personagem que estaria narrando.
    • Mas essa é só a ideia inicial → pode fazer transposição de diversas maneiras
      • Reescrever uma história triste em forma de comédia
      • Reescrever uma história de fantasia como realismo (e vice-versa)
      • Pegue um texto, recorte (literalmente!) parágrafos e os reorganize em outra ordem → agora escreva todas as transições necessárias para justificar o texto 
  •  Sobre cadernos (lembrando que Cassill escreveu isso na era pré-celular)
    • Os cadernos onde escritores anotam suas ideias deveriam ser como cadernos de pintores
      • Não é só um amontoado de palavras soltas
      • Mas elas devem estar constantemente sendo reorganizadas e montadas
    • Não é qualquer coisa que deve entrar no seu caderno
      • Não deve ser "mais ou menos" interessante
      • Deve ser como um sonho → estranho e familiar ao mesmo tempo
    • Cadernos devem ser pensados como incubadoras de ideias 
  • Sobre listas
    • Em determinado momento, as anotações viram listas → material pré-organizado
      • Esse material deve ser constantemente RE-organizado
      • Experimentação com diferentes possibilidades
    • As listas podem ser de qualquer coisa → lista de verbos numa página, por exemplo
      • Esse tipo de coisa pode ajudar a formar o "macrocosmo" de uma história
      • No fundo, isto é um exercício de criatividade

O que Cassill está fazendo aqui é apenas instrumentalizando a máxima da qual não temos como escapar: é preciso treinar. Todas estas dicas só serão úteis se as colocarmos em prática. É como ele mesmo diz: "Write something every day, even if it must remain a homeless fragment, doomed to the waste basket. Write it as well as you possibly can." (36)

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