sexta-feira, 5 de abril de 2019

Resenha - Ed Mort e outras histórias

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Ed Mort e outras histórias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.


Um livretinho, um livretinho de nada. Publicado pela primeira vez em 1996, tenho certeza que ainda será reeditado umas trinta vezes e não cairá no esquecimento. Porque é uma leitura tão leve, tão simples! E olha como começa: "Mort. Ed Mort. Detetive particular." Fantástico. O estilo seco e direto do filho do mestre dá o tom perfeito à comédia e o ambiente criativo de suas histórias.

O personagem mais marcante é, de longe, o detetive particular. Seu estilo mulherengo, agressivo e sem sorte, quase uma caricatura de vários seriados policiais, contribui para suas aventuras sem pé nem cabeça. Seu pequeno escritório em Copacabana, disputado por baratas e ratos, é seu quartel-general, pronto para receber o exército de mulheres que batem à sua porta para contratar os serviços. Ed queria mesmo era que elas o contratassem para dormir com elas, mas esse não é seu ramo de negócios.

O livro não fala apenas de Ed Mort, traz vários outros contos e crônicas -- vários deles com temas recorrentes, que traz certa organicidade ao livro. Essa dinâmica e fluidez é bem agradável, porque você nunca fica entediado com o mesmo assunto. Hora é uma crônica, hora é uma história sobre divórcio, hora estamos falando de um possível agente secreto em loucas aventuras e, ora, ora, quem vem lá: de novo uma história de "Mort. Ed Mort. Está na plaqueta". 

Não foi a primeira vez que li este livro. Pra ser sincero, deve ter sido a quarta ou a quinta. Mas fazer o quê se gosto de boas histórias? Há quem critique o pobre Luis Fernando pelo seu estilo meio "tirinhas de jornal", por falta de expressão melhor. "Os contos são grandes o suficiente pra você ler entre uma descarga e outra". 

Ah, cara. Não são contos profundos e nem pretendem ser! São anedotas, causos, coisas pra fazer a gente rir e se divertir, não pensar. Tem livro pra isso. Tem filme pra isso. Tem arte pra isso. Mas arte não pode ser tão séria o tempo todo. Aff, nada mais maçante do que arte séria. Há momentos e momentos. No meu caso, era hora de ler algo divertido.

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