segunda-feira, 4 de março de 2019

Crônicas do cotidiano - V

Ontem terminei um livro fantástico (a resenha dele está por aqui em algum lugar) e fiquei admirado com as viagens que fazemos na leitura. Mais uma crônica feijão com arroz sobre a importância da leitura? Talvez. O problema é que não consigo evitar.

Veja bem, no começo do ano eu estava em Manaus. Mas não só na Manaus física, também numa Manaus dos anos 1940 tal como descrita por Miltom Hatoum em "Dois irmãos". Depois, quando menos esperei, lá estava eu tentando descobrir o que havia de podre no estado da Dinamarca com a maravilhosa poesia-filosofia de Shakespeare em "Hamlet". Viajo no tempo novamente e então lá estou eu ora em Genebra, ora no Reino Unido, acompanhando o cientista Victor Frankenstein na sua loucura, brincando com a natureza e perdendo todo o controle. Falando em controle, lá vamos nós para o final do século XXI com "Jogador nº 1" de Ernest Cline, que não se satisfaz com a Terra, mas cria um universo virtual (o OASIS) e faz com que a gente viaje por todo tipo de universo.

E o ano nem começou direito.

Agora eu olho pra minha estante e fico me perguntando qual será a próxima aventura a embarcar. E mal posso esperar! Tive muita sorte de começar o ano lendo livros excelentes. Tenho certeza que alguns "mais ou menos" aparecerão pelo caminho e até alguns bem ruins. Mas isso eu só vou descobrir conforme eu caminhar. 

E aí vem: a caminhada! Mais do que a satisfação de terminar o livro, meu grande prazer está em lê-lo, em desfrutar das páginas cheias de aventuras, de conhecer e me apegar a personagens, de torcer com eles e por eles, de sofrer suas angústias e pensar, a todo momento, "Eita, o que será que ele vai fazer?". 

E não me venham com a discussão livro "digital" e livro "de papel". Por favor! Não dá pra limitar um livro ao suporte no qual ele está posto. Será um pergaminho antigo? Será um livro da era passada? Ou um arquivo .pdf? Tanto faz! O que importa é a *leitura*! Aprendi isso quando li "Drácula" de Bram Stoker a primeira vez. Tanto faz se é no papel ou na tela: dá medo igual, é divertido igual, é fascinante igual.

Mas aí estão minhas estantes (a virtual e a real) e cada livro me traz uma mistura de oportunidade com compromisso. Oportunidade porque vai saber o que tem dentro deles, né? E compromisso porque se eu começar, a honra me diz que devo terminar, seja para falar bem ou para falar mal, mas tenho que terminar. 

Será que por enquanto pego um livro acadêmico pra passar o tempo? Esse posso ler em partes, talvez alguns capítulos. É divertido ler! Acho que essa é a grande vantagem de ser eternamente curioso: eu quero aprender, sempre. E o que está escrito é o caminho para isso. Ah! Como é bom ler.

E me perco no mundo de possibilidades, sem me preocupar. Eita, será que essa é a forma correta de um (aspirante a) escritor ler? Não seria melhor pegar as grandes obras e estudar. Bah! Vai ser chato assim mais adiante. Se for pra ser assim, então nem quero. O prazer da leitura talvez esteja mesmo no acaso e no inesperado. 

Nossa, mal posso reler o que acabei de escrever. Santo besteirol, Batman. Clichês e clichês. Oh well. C'est la vie.

Crônicas do cotidiano. Gabriel Alencar. 04/03/2019


Publicado originalmente no Facebook. Em 04/03/2019.

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