segunda-feira, 8 de julho de 2024

Resenha — Ultima: The Technocrat War I — Machinations

ANDREWS, Austen. Ultima: The Technocrat War, Book I of III, Machinations. New York: Pocket Books, 2001.


Comprei o livro deveras desconfiado, porque não é sempre que gosto de me aventurar em séries e tenho muito pé atrás com livros que já de cara se propõe a ser uma trilogia. Febres de trilogia, especialmente entre autores desconhecidos, é uma desgraça. Ainda bem que, pelo menos nesse caso, eu estava errado.

No primeiro livro desta série, somos apresentados a um mundo clássico da fantasia. Temos cavaleiros, uma raça humanóide com traços bárbaros, homens-felinos, e humanos. Temos reinos em guerra ou em tentativas de diplomacia; tramas políticas, espiões, artefatos, vilões, mocinhos que não sabemos se são vilões ou não, e, como não podia faltar, magia.

Acompanhamos a história do cavaleiro Sir Gabriel Montenegro, e sua jornada em busca da Virtude e do reestabelecimento do seu título de comandante. Paralelo e concorrente a isso, temos a guerra entre reinos, espiões enviados em missões secretas para sabotar uma tentativa de diplomacia, e personagens que têm segundas intenções com suas atitudes e palavras.

O autor segue a cartilha dos livros de fantasia, com ricas descrições de cenários e personagens. Pra mim até rica demais em alguns momentos, beirando o clichê; mas entendo que isso é parte das regras do jogo da fantasia e provavelmente algo que o público alvo espera de uma obra desse gênero

O enredo do livro foi uma boa surpresa. É uma história sólida, que carrega a gente até o fim, com boas reviravoltas. As cenas são interessantes e bem trabalhadas, mas em algumas ocasiões me pareceu que as arestas delas ficaram muito rudes, poderia ter polido mais algumas transições.

Na verdade, pra mim esse foi o único ponto negativo do livro. É que deveras em mais de uma ocasião as cenas transitam entre fatos de maneira tão desconexa que fica evidente que é forçada do enredo pra fazer a história progredir numa determinada direção. Me parece que o autor queria forçar a conexão entre dois pontos e não se deu ao trabalho de construir uma boa ligação entre eles.

Ao mesmo tempo em que admiro a capacidade do autor em tecer uma teia com várias tramas ao mesmo tempo, me pergunto se ele não exagerou em alguns momentos. Tenho a impressão de que quando estamos investidos em uma linha narrativa, ele coloca outra no caminho e isso mais atrapalha do que ajuda. Todavia, novamente, isso é bem clássico do gênero, então pode ser que a maior parte do público-alvo não se incomode com isso.
"'I ask for nothing,' said Montenegro. 'Rather the Virtues ask something of me. Let us serve Valor and Sacrifice. They are the footsteps of a warrior.'"
O livro é honesto com a gente. O autor diz desde o começo que é parte de uma trilogia, mas não corta a história bem no meio de uma grande revelação. Na verdade, ele prepara bem o terreno pra nos incentivar a continuar a leitura. Senti que houve mesmo honestidade intelectual com o leitor.

Eu teria algo a falar sobre o sistema de magia do livro, mas talvez isso seja algo a ser dito em outra resenha, quando tiver conhecido mais sobre a obra. Por enquanto, talvez basta dizer que estamos diante de um sistema de magia soft e que tenho a impressão de que a magia vai fazer ainda mais diferença nos próximos capítulos da trama.

Acho que só vou conseguir comprar os próximos exemplares em Janeiro/2025. Não obstante, não vou esquecer dessa série. Acho que tive a boa sorte de encontrar algo bom pra ler. 

0 comentários:

Postar um comentário