terça-feira, 30 de julho de 2024

Resenha — The Green Mile / (À espera de um milagre)

KING, Stephen. The Green Mile. New York: Pocket Books, 1999.


Vamos começar essa resenha logo falando a verdade: Stephen King é um safado. Não tem outro jeito de expressar. O cara faz a gente ficar tão envolvido com a história que já não temos escolha senão ler até o fim. Já não é uma questão de vontade, mas de necessidade

The Green Mile, conhecido no Brasil como "À espera de um milagre" é o livro que deu origem ao famoso filme de mesmo nome. Nem sabia que tinha livro, confesso. Foi só quando vi a capa que me interessei. Também nunca tinha assistido ao filme por inteiro, então deu pra curtir o livo tranquilo.

Aqui acompanhamos a história do policial penal (ou carceireiro) Paul Edgecombe, chefe do Bloco E da Penintenciária de Cold Mountain, e responsável pela execução de prisioneiros na cadeira elétrica. Aqui ele tem que lidar com prisioneiros, colega de trabalho incompetente que só está lá por contatos políticos, e ainda com suas próprias lutas pessoais.

É nesse context que ele conhece John Coffey, um homem negro condenado à cadeira elétrica por um crime terrível. Mas quanto mais tempo ele passa com Coffey e quanto mais coisas acontecem, mais ele questiona a si mesmo, no que acredita e defende. 

Confesso que o ritmo do livro me desanimou no começo. Não é que a história se passe num andamento lento, mas é que toda hora King narra dizendo "Olha e você nem imagina o que aconteceu depois" ou então "Eu achava que aquilo era o pior, mas depois foi pior ainda". E fica toda hora nisso de empurrando o leitor pra frente, sem de fato dar alguma boa sustância no meio tempo. 

E aqui eu posso dizer que King é um safado mesmo. Ele enrola, enrola, enrola, até chegar na página 400 pra revelar tudo e aí PAM! Somos fisgados de um jeito terrível. Não queremos continuar, mas já não temos escolha. Me peguei lívido de horror com uma cena e ainda mais horrorizado em perceber que não conseguia parar de ler. 
A man's mouth gets him in more trouble than his peckers ever could, most of the time (p. 23-24)
Enfim, não me surpreende que este livo tenha sido tão bem aclamado pela crítica, muito menos que tenha se transformado em filme. É realmente muito bom. No fim da história, o pilantra faz com que a gente sinta que "valeu a pena" ter esperado e passado por tudo. Eu gosto muito disso em King: ele resolve as coisas, não deixa pontas soltas de mais. Dá uma satisfação em terminar qualquer obra dele.

No fim das contas, não sei dizer se esse livro fica na minha estante ou não. O começo é muito lento e o final talvez seja intenso demais pra mim. Estranho pensar que um autor de livros de terror se deu muito bem aqui com um livro de drama. E ainda me fez chorar. O safado.  

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