quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Resenha — Meltdown

ROBERTSON, Edward W. Meltdown. Kindle Edition. 2013.


Achei que começou muito bem, mas depois ficou cansativo. Essa é uma continuação da série "Breakers" que já resenhei antes, então não vou explicar a premissa, mas vou direto ao ponto do que achei.

Como falei, o começo foi ótimo. O autor entendeu uma coisa muito valiosa: não é preciso reinventar a roda quando se vai escrever uma sequência. Se a primeira fórmula funcionou e é sólida, não há problema algum em usá-la de novo. Dito e feito, a estrutura imita o primeiro livro e dá gosto de ler igualzinho o outro.

Creio que na primeira parte do livro o autor trata a morte de um certo ente querido de modo muito superficial. A vida dos personagens continua como se nada tivesse acontecido. Vejo isso como uma falha grave de verossimilhança. Se tem uma coisa que pode mudar as pessoas, é a morte. Em outro ponto, o autor traz no personagem principal um defeito difícil de narrar: inércia. Ele tem dificuldade de agir, medo, preguiça. Em tese, esse problema é grande demais para usar em uma narrativa, porque impede a história de ir adiante. Mas devo dizer que o autor fez muito bem, forçando o personagem a agir, indo contra sua própria natureza

Ressalto que, mais uma vez, o autor acerta na transição da normalidade para o caos. Em muitas histórias de fim do mundo, tudo é muito abrupto, quase forçado; mas aqui soa muito natural (o que é ainda mais assustador). 

Quanto ao enredo, a princípio não estava muito animado em ver que a história vai só contar o mesmo do primeiro livro, mas sob outra ótica. Gosto de ter novos personagens, mas preferiria vê-los em novos eventos. Mas conforme fui lendo, mudei de ideia. A narrativa do cara é simplesmente boa demais. E o fato de que eu já sei o que vai acontecer (em certa medida), na verdade me traz uma nova camada narrativa: é que eu estou um passo à frente dos personagens, e fico curioso pra saber o que eles vão fazer frente aos acontecimentos.

A princípio, o autor mantém os acertos, mas também os erros do primeiro livro. Narração e diálogos excelentes, mas descrição complicada e confusa em alguns momentos (e momentos que julgo serem mais cruciais ainda por cima).

E pra mim foi no enredo que surgiram os problemas, porque eu acho que o autor mudou as regras do jogo do meio pro fim do livro. Se ele ia contar a mesma história do primeiro livro, beleza, eu compro a parada. Mas de repente ele continua a história sem considerar bem os eventos do primeiro livro, aí me perdeu.

Me perdeu porque mudou todo o teor da história. De repente não são mais humanos vs aliens, mas humanos vs humanos. Aquela velha ladainha de que os humanos são tão ruins que além do perigo externo, precisam lutar entre si. A premissa é ainda interessantezinha até, mas me perdeu. Não queria ler uma história de sobrevivência dessas, quando o próprio autor me propõe uma coisa diferente no começo.

Enfim, dei graças a Deus quando terminou. Deixaram um gancho no epílogo, trazendo de volta um personagem do primeiro livro, mas, honestamente, por enquanto não quero nem saber. Quem sabe no futuro eu termine essa trilogia. Por enquanto, fica lá na estante do Kindle mesmo e olhe lá.


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