Ok, não sei nem por onde começar. Via de regra eu evito ler autores contemporâneos porque, me desculpem, muita coisa que tem por aí é simplesmente ruim. Se é verdade que democractizou-se o acesso ao mercado literário, também é verdade que com essa democracia veio uma enxurrada de autores medíocres, que publicaram só pra dizer que publicaram mas não têm qualidade nenhuma. Estou muito feliz em dizer que este não é o caso deste livro.
A história desse livro é um romance policial se é que tal gênero existe. A autora conseguiu mesclar muito bem uma história romântica entre Mia e Hudson, ao mesmo tempo que insere nisso um bocado do suspense e adrenalina que vemos em histórias policiais, como traficantes, ameaças de morte e serial killers.
Eu ainda não tinha visto algo do tipo e achei uma sacada interessantíssima. Tanto é que mesmo eu não curtindo histórias românticas, li o livro do começo ao fim, sempre muito ligado na história, querendo saber o que ia acontecer e torcendo pelo casal ao mesmo tempo.
Aliás, a autora é bem inteligente em construir a narrativa romântica. Como leitores, queremos que eles fiquem juntos, mas a autora constantemente os empurra em direções opostas, o que deixa a gente com uma agonia danada pra ver o que vai acontecer. Honestamente, é uma aula de como escrever histórias românticas, utilizando cada ato do livo de maneira deliberada a intensificar o conflito e aumentar a satisfação pela sua resolução.
Cheguei a estudar como escrever histórias românticas. Não lembro bem os detalhes, mas lembro que cada cena do livro deve sempre ser utilizada de forma a intensificar a história do casal; além disso, no primeiro ato, o casal ignora o amor; no segundo, eles dão uma chance para o amor; no terceiro, eles lutam pelo amor. A autora seguiu a cartilha à risca e o fez de forma tão elegante que não tenho como não tirar o chapéu para ela.
Aliás toda a escrita da autora demonstra um nível de maturidade que poucos autores têm. Surpreende-me ver que este foi o primeiro livro da autora, me pergunto se ela já não publicou por aí com algum pseudônimo. Veja só, por exemplo, a frase de abertura do livro:
The only reason she wouldn't win this year's Darwin Award was because they'd never find her body. (p. 4)
As descrições são elegantes, inseridas dentro de falas ou narrações, quase despercebidas. A autora é eficiente em usar outros elementos do texto pra aumentar a sua densidade. Além disso, fica evidente que ela sabe escrever para as massas, onde até as cenas quentes são bem trabalhadas na medida que atinja o grande público sem serem tão explícitas.
E a história em si é muito boa também. A autora soube construir bem os personagens, a gente fica de fato intrigado com o passado sombrio deles (excelente uso da técnica de "ghost") e ao mesmo tempo torcendo que eles abram mão das suas próprias máscaras para que fiquem um com o outro.
Engraçado que a gente torce por um final, tem quase certeza que ele vai acontecer, e quando acontece ainda assim nos emocionamos. Ou o livro é muito bem narrado, ou, assim como Érico Veríssimo dizia, sou uma vaca sentimental. Ou ambos.
Enfim, não tenho mais o que dizer do livro senão afirmar que é uma excelente leitura. Eu já quero até ler os outros livros da autora. Não é sempre que encontro algo tão bom na literatura contemporânea. Espero que a autora continue a escrever livros tão bons quanto esse.
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