Ok, vamos lá acabar logo com esse sofrimento. Descobri que, infelizmente, não gosto de H. G. Wells — na verdade, eu já sabia, mas tentei me enganar e dizer que na época eu não sabia apreciá-lo. Desculpem-me, deve ser uma questão de (mau) gosto. Pelo menos o livro foi de graça. Vamos à resenha.
The war of the worlds ou "Guerra dos Mundos", em português, é um clássico da ficção científica. Acompanhamos a história de um narrador sem nome, na Inglaterra do fim do século XIX, que se vê no meio de uma invasão alienígena oriunda de Marte. Os marcianos vêm à Terra para colonizá-la e transformar o lugar em seu novo planeta, exterminando qualquer um que ouse se opor a eles.
"Why are these things permitted? [...] What are these Martians?""What are we?" I answered, clearing my throat. (p. 45)
Meu grande problema com o livro não é por falta de qualidade ou erro do autor, mas é simplesmente porque o livro foi escrito em outra época. Estamos falando de um mundo que não é agitado como o nosso, não é intenso como o nosso, logo é evidente que os livros daquela época terão um ritmo diferente dos de hoje.
Minha impressão, portanto, é que o livro é lento. Poxa, estamos falando de uma invasão alienígena! Será que as coisas são tão parcimoniosas mesmo como o autor narra? Será que precisa mesmo descrever cada pequena cidade ou estrada por onde o narrador passa na sua fuga? Não seria mais interessante falar como ele está se sentindo e como essa ou aquela estrada impactam diretamente na sua própria história?
Como falei, o livro é reflexo de seu tempo, por isso, no estilo dos clássicos de ficção científica daquela época, em alguns momentos o livro parece mais uma enciclopédia do que uma história em si. Aliás, o livro tem uma pegada bem naturalista extrema, que considera o ser humano como cérebro apenas e todo o resto como acessórios.
Entendo que os temas do livro são bem interessantes. O autor estava bem à frente do seu tempo em imaginar as grandes máquinas alienígenas, a capacidade de comunicação sem palavras, e até mesmo os argumentos de que os marcianos eram mais desenvolvidos justamente por não fazerem uso de coisas que nós humanos fazemos, mas que seriam superficiais.
Na história, percebi que o autor constantemente ressalta a ignorância das pessoas de um perigo iminente. Creio que isso é central para ele e é até um tema bem importante de ressaltar. Mas, ah mano, um monte de gente morre pra um raio mortal dos aliens e fica por isso mesmo? Tipo, a vida segue normal na cidade vizinha? Ninguém sentiu falta dos entes queridos e foi averiguar? É muita apelação. Mesmo numa era em que não havia comunicação instantânea, ainda haveria comunicação.
A narrativa em si é muito rasa, é só o protagonista andando de um lado para outro e fugindo. Eu diria que há apenas um único momento em que se revela a personalidade do narrador e seu modo de encarar o mundo — refiro-me à cena em que ele está escondido na casa com o pároco. As descrições me soam muito supérfluas e os diálogos são escassos (embora razoavelmente relevantes quando acontecem).
Do meu ponto de vista, a história finalmente fica interessante quando chegamos na marca de 84% do livro, mas aí já é tarde pra mim. E, honestamente, o final é decepcionante. O protagonista não tem relevância nenhuma na história, não passa de um espectador com quem mal temos empatia. Fica difícil defender.
Bom, enquanto não nego que Wells tinha uma imaginação muito à frente do seu tempo, sendo capaz de prever coisas que a humanidade nem sonharia mas que hoje são quase "naturais" para nós, infelizmente não consigo dizer que curto a narrativa dele. Perdoem-me a franqueza, mas preferi ver o filme.