quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Resenha — The War of the Worlds

WELLS, H. G. The war of the worlds. Amazon Classics, Kindle Edition, 2017.


Ok, vamos lá acabar logo com esse sofrimento. Descobri que, infelizmente, não gosto de H. G. Wells — na verdade, eu já sabia, mas tentei me enganar e dizer que na época eu não sabia apreciá-lo. Desculpem-me, deve ser uma questão de (mau) gosto. Pelo menos o livro foi de graça. Vamos à resenha.

The war of the worlds ou "Guerra dos Mundos", em português, é um clássico da ficção científica. Acompanhamos a história de um narrador sem nome, na Inglaterra do fim do século XIX, que se vê no meio de uma invasão alienígena oriunda de Marte. Os marcianos vêm à Terra para colonizá-la e transformar o lugar em seu novo planeta, exterminando qualquer um que ouse se opor a eles.
"Why are these things permitted? [...] What are these Martians?"
"What are we?" I answered, clearing my throat. (p. 45)
Meu grande problema com o livro não é por falta de qualidade ou erro do autor, mas é simplesmente porque o livro foi escrito em outra época. Estamos falando de um mundo que não é agitado como o nosso, não é intenso como o nosso, logo é evidente que os livros daquela época terão um ritmo diferente dos de hoje. 

Minha impressão, portanto, é que o livro é lento. Poxa, estamos falando de uma invasão alienígena! Será que as coisas são tão parcimoniosas mesmo como o autor narra? Será que precisa mesmo descrever cada pequena cidade ou estrada por onde o narrador passa na sua fuga? Não seria mais interessante falar como ele está se sentindo e como essa ou aquela estrada impactam diretamente na sua própria história?

Como falei, o livro é reflexo de seu tempo, por isso, no estilo dos clássicos de ficção científica daquela época, em alguns momentos o livro parece mais uma enciclopédia do que uma história em si. Aliás, o livro tem uma pegada bem naturalista extrema, que considera o ser humano como cérebro apenas e todo o resto como acessórios. 

Entendo que os temas do livro são bem interessantes. O autor estava bem à frente do seu tempo em imaginar as grandes máquinas alienígenas, a capacidade de comunicação sem palavras, e até mesmo os argumentos de que os marcianos eram mais desenvolvidos justamente por não fazerem uso de coisas que nós humanos fazemos, mas que seriam superficiais.

Na história, percebi que o autor constantemente ressalta a ignorância das pessoas de um perigo iminente. Creio que isso é central para ele e é até um tema bem importante de ressaltar. Mas, ah mano, um monte de gente morre pra um raio mortal dos aliens e fica por isso mesmo? Tipo, a vida segue normal na cidade vizinha? Ninguém sentiu falta dos entes queridos e foi averiguar? É muita apelação. Mesmo numa era em que não havia comunicação instantânea, ainda haveria comunicação.

A narrativa em si é muito rasa, é só o protagonista andando de um lado para outro e fugindo. Eu diria que há apenas um único momento em que se revela a personalidade do narrador e seu modo de encarar o mundo — refiro-me à cena em que ele está escondido na casa com o pároco. As descrições me soam muito supérfluas e os diálogos são escassos (embora razoavelmente relevantes quando acontecem).

Do meu ponto de vista, a história finalmente fica interessante quando chegamos na marca de 84% do livro, mas aí já é tarde pra mim. E, honestamente, o final é decepcionante. O protagonista não tem relevância nenhuma na história, não passa de um espectador com quem mal temos empatia. Fica difícil defender. 

Bom, enquanto não nego que Wells tinha uma imaginação muito à frente do seu tempo, sendo capaz de prever coisas que a humanidade nem sonharia mas que hoje são quase "naturais" para nós, infelizmente não consigo dizer que curto a narrativa dele. Perdoem-me a franqueza, mas preferi ver o filme.