Dona Raimunda foi até a área de serviço e colocou um pouco de água no regador. Fazia frio e as juntas doíam a cada passo que dava. Mas as plantinhas, coitadas, precisavam se hidratar.
Ela pegou a água e voltou para a janela. Dali as plantas viam as ruas solitárias abaixo e passavam o dia tomando sol, quando este se dignava a aparecer. Molhou-as com cuidado quando sentiu uma pontada.
— Ai — ela pôs as mãos nas costas —, mais dia menos dia esse frio acaba comigo.
Havia uma cadeira de balanço ali. Sentou-se a apoiou o regador no colo. As folhas das plantinhas balançavam com o vento frio. Que bonito… era como se estivessem aproveitando a brisa. Será que só ela não teria direito a um minuto de vida sem dor?
Balançou-se devagar na cadeira e falou sozinha:
— Já que isso faz efeito. Só aguardar.
E sorriu para si mesma. Alguns minutos se passaram e a cadeira balançou cada vez mais devagar. Era o frio.
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