sábado, 23 de setembro de 2023

Resenha — The skeleton tree

LAWRENCE, Iain. The skeleton tree. New York: Delacorte Press, 2016.  


Mais um dos livros aleatórios que encontrei num sebo e, tendo em vista o preço módico, acabei comprando. Já adianto que não achei nele nem uma grande revolução. Me parece, pelo menos, um livro que cumpre seu propósito de contar uma história.

O livro conta a história de dois garotos que naufragaram numa ilha deserta. Os garotos se odeiam e têm alguma relação que eles não conseguem descobrir qual é. Para sobreviver, eles precisam aprender a cooperar e confiar um no outro.

A premissa não tem nada do outro mundo e já foi contada antes (Lord of the flies). O que o autor traz de diferente é a presença de elementos quase fantásticos, ou, pelo menos, misteriosos, utilizando os mitos e geografia do Alaska.

Quanto à narrativa, tenho que admitir que o autor sabe colocar pulga atrás da orelha, revelando informações pela metade. E não são informações soltas, mas pontas que ele de fato insere para depois resolver, o que demonstra maturidade na escrita.

Quanto aos personagens, também fica evidente que o autor sabe o que está faznedo, porque ele me fez ter um verdadeiro ódio do Frank, menino chato, mal-educado e um bully. Várias vezes senti ódio do protagonista Chris por não fazer nada contra Frank, mesmo entendendo que isso era parte da construção de ambos os personagens.

Porém, a crítica que faço é que o basicamente resolveu reunir coisas interessantes que ele viu durante suas experiências de vida e colocar tudo num livro só. A história ainda se salvou por ser razoavelmente interessante, mas vários elementos ficam perdidos e estão lá só por estar. 

Um exemplo claro disso é o próprio título. A "skeleton tree" tem certa relevância, mas não como elemento central para a história ou nada que justifique fazer dela o título do livro. Ela é só uma curiosidade bem interessante: que povos daquela época costumavam "enterrar" seus mortos em caixões pendurados em árvores altas. Como falei, de fato é interessante, porém não contribui para a história diretamente e não justifica o título. 

Por causa disso, o livro se perde em estilo. Uma hora ele é extremamente realista com detalhes da natureza, da vida selvagem, da sobrevivência; mas do nada insere elementos fantásticos como fantasmas e aparentes relações místicas. Tem hora que é drama, tem hora que está mais pro terror, tem hora que beira a aventura. Mas como o livro não sabe direito o que é, no fim, não é nenhum deles.
Below me, everything was so black that I could close my eyes and it made no difference. I had found the loneliest place in the world. (p. 196)
No fim das contas, como falei, o livro serve ao propósito de ser uma literatura infantojuvenil apropriada. Não vai mudar a vida de ninguém, mas é um livro razoalvemente sólido que pode proporcionar uma boa leitura para quem está ingressando nessa vida. Apesar das críticas, fico nesse mais ou menos. É o que temos.