segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Resenha — Bridge to Terabithia

PATERSON, Katherine. Bridge to Terabithia. New York: Harper Trophy, 2001.


Vamos aos fatos: chorei copiosamente. Não chorei de leve. Chorei de soluçar, chorei até meu nariz não conseguir respirar direito, chorei que minha cabeça doía. Chorei, chorei, chorei. Mas que livro belo, que livro fantástico. O que torna um livro bom? Talvez a capacidade de nos fazer viver uma outra vida, uma outra história? Se for isso, esse livro não é bom. Ele é muito bom.

Lembro de ter assistido parte do filme, há um bom tempo atrás. E lembrava também de um sentimento ruim atrelado ao filme. Eu não sabia dizer o porquê, só sabia que algo de ruim acontecia. Eu realmente não estava preparado para o que livro trouxe.

Essa é uma edição paperback que comprei também por 1 dólar. O livro estava bem conservado e me surpreendeu como um livro até curtinho (128 p.) pode conter tanta coisa. Confesso que não conhecia a autora, mas posso dizer que fui muito bem surpreendido pelo que encontrei aqui.

O livro já começa nos abraçando, nos envolvendo com carinho. Não sei explicar direito, mas a narrativa traz uma sensação familiar e agradável. Acho que é porque a história nos dá a sensação de infância. É uma mistura da agonia de não poder fazer o que se quer, com os sonhos exagerados e as sensações deslumbrantes que a gente só pode experimentar na primeira vez. 

Tudo isso junto com o peso da amizade. "Peso" não é uma boa palavra, porque amizade é leve. É o peso da sua perda. Lembro que li o livro com medo de que essa amizade termine, porque tenho a sensação de que essa história tem um final triste.

E aí o enredo, né? O que dizer desse enredo? É só uma história simples de um menino e uma menina que se tornam amigos. É isso. É infância, companheirismo, aventuras, fantasia e faz-de-conta que só a criançada consegue executar com perfeição. 

E, ao mesmo tempo, é a realidade da vida. Dos relacionamentos familiares, da vida estudantil, da selva que pode ser a escola. É uma história que consegue criar uma fantasia (Terabithia!) e, ao mesmo tempo, mostrar como essa fantasia não está nadinha distante da nossa realidade. E pensar que esse é um livro infantil... 
"I just can't get the poetry of the trees," he said.
She nodded. "Don't worry," she said. "You will someday." (p. 40)
Honestamente não sei dizer se esse livro fica na minha estante ou não. É, de fato, uma obra fantástica. É algo impressionante, quase inigualável. Por outro lado... sei lá... talvez seja bom demais. Será que isso faz sentido? No fundo o que quero dizer é: não quero sofrer desse jeito de novo. Não sei se tenho estrutura pra aguentar isso de novo. 

Pesado, forte, incrível. Tal como a vida. (?)

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Resenha — Dreamcatcher

KING, Stephen. Dreamcatcher. New York: Scribner, 2001.


Um livro de capa dura, quase 600 páginas, em excelente estado de conservação (absolutamente intacto), com o carimbo de autoria de Stephen King, tudo isso por míseros três dólares? Pois me dê, papai. Esse é daqueles que mesmo que a leitura não seja muito boa, o preço já paga. Vamos à resenha.

Acho que não preciso falar do autor, um verdadeiro monstro da literatura, provavelmente o autor mais profílico dos últimos tempos. Também não preciso falar da edição porque já citei ela ali em cima. Tampouco me vem à cabeça a necessidade destacar diagramação, etc. Portanto, olha essa história.
Some dreams die and fall free, that is another of the world's bitter truths. How many bitter truths there are. (p. 530)
Aqui acompanhamos a história de quatro amigos que se reúnem para a temporada de caça. É a ocasião em que eles aproveitam pra bater um papo e passar tempo juntos, já que a vida sempre os afasta. É justamente nessa reunião que eles se deparam com... alienígenas, fungos espaciais, operações militares, comandantes totalmente loucos, um amigo de longa data (que está, na verdade, no centro do enigma), perseguições, poderes telepáticos, habilidades paranormais, alienígenas monstruosos, e por aí vai. Pareceu muita informação? É porque de fato é mesmo.

Achei o começo meio confuso, precisei voltar pra entender algumas vezes. O pior é que isso é um problema que se mantém pelo resto do livro. Em vários momentos a narrativa me soa prolixa, cheia de detalhes que pouco contribuem para que a história caminhe para frente. O pior é que vários desses detalhes estão imersos na cultura americana, então alguns eu pego meio no ar, já outros passam em branco mesmo e o leitor fica sem saber se deveria ter entendido algo importante ou não.

Por ser um livro de Stephen King, eu imaginava que seria um livro de terror, mas não foi o caso. Se o livro era pra dar medo, não conseguiu. Por outro lado, se categorizado como um suspense, aí funcionou muito bem, porque me prendeu na curiosidade e na vontade de saber o desenrolar dessa trama.

Em alguns momentos a história tem gore demais pro meu gosto. Nem dá medo direito e nem impressiona tanto, porque acaba sendo sem propósito. Interessante notar que o autor não continuou com o gore no decorrer do livro. A impressão que tenho é que o autor escreveu isso em dois momentos diferentes da vida, de modo que o começo e o fim têm estilos um pouco diferentes.

Pra mim isso é corroborado ainda pela impressão que ele me deu de uma narrativa lenta que, do meio pro fim, acaba pegando um passo legal e a gente fica imerso o suficiente na história pra ter vontade de continuar, até se ver preso numa espiral que só vai parar quando terminamos tudo. 

E aí realmente preciso tirar o chapéu para a capacidade do autor de concatenar os diferentes núcleos da história até fazer eles se encontrarem de maneira orgânica no final. Se teve um momento que me pareceu forçado, foi coisa pouca, tanto que, se eu ler de novo daqui há alguns anos, é capaz de eu nem perceber. 

Por fim, confesso que o título não me cativou muito e foi um dos casos que me pareceu meio forçado. Fico até me perguntando como foi que fizeram para funcionar em português o título de "O apanhador de sonhos" com um original em inglês que tem muitas conotações.

De qualquer forma, não dá pra negar que é um livro bem legal e que, pelo menos por enquanto, ganhou lugar na minha estante. Afinal, é Stephen King, né, papai?