sábado, 26 de junho de 2021

Resenha – O livro dos seres imaginários

BORGES, Jorge Luis; GUERRERO, Marieta. O livro dos seres imaginários. São Paulo: Globo, 2000.


Essa será uma resenha bem curta. Este livro veio parar nas minhas mãos só porque um colega resolveu me emprestar. Eu por mim não sei até que ponto curto Jorge Luis Borges. Acho que ele se encaixa na mesma categoria de Machado de Assis: intelectual demais pro meu gosto. Mas vamos ao livro.

Borges fez uma enciclopédia de animais fantásticos. Ele seguiu o modelo dos "bestiários", que eram realmente compêndios de fauna exótica escritos durante a Idade Média, um verdadeiro catálogo de diversos animais (alguns deles até imaginados mesmo).

Não sei dizer até que ponto ele criou informações, porque várias das entradas (e há muitas delas) contém referências a outros livros e até mesmo citações de outros autores. Não fosse zoologia fantástica, eu até classificaria esse livro como acadêmico. Eu diria até que não é um livro pra ser lido de uma vez, mas consultado de vez em quando. 

Interessante notar que Jorge Luis Borges não tem pena do leitor. Ele conta as coisas com o trem já em movimento e você que se vire pra acompanhar o tranco. Via de regra, a gente consegue, mas quase sempre com a certeza de que perdeu alguma coisa no meio do caminho e precisa voltar pra pegar. Por um lado vejo que isso é bom, por outro, o leitor fica com a constante sensação de ter sido deixado para trás – é o problema que falei sobre um texto "intelectualizado" demais.

Acho que o tradutor poderia ter feito a cortesia de traduzir os textos em espanhol. Sei que há uma série de escolhas editoriais por trás, mas do meu ponto de vista é o leitor que deve estar no centro das preocupações. Que a maioria dos brasileiros vai conseguir ler o espanhol isso não é problema, mas a fluidez do texto fica comprometida.

No fim das contas, o livro é deveras bem interessante por funcionar como um bestiário e ter uma excelente compilação de dados. Não dá pra negar que o autor foi bem abrangente sem, ao mesmo tempo, tornar o texto cansativo. Não sei como recomendar essa leitura, só me resta repetir: achei interessante.

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