quinta-feira, 2 de junho de 2022

Resenha – The Gathering Dark

GRUBB, Jeff. The Gathering Dark: Ice Age Cycle, Book I. Renton: Wizards of the Coast, 1999.


"One of the great misconceptions, from the days of the Brothers themselves to today, is that magic is somehow marvelous and wonderful and that being a mage is some type of glorious adventure. In truth, magic is just a study of forces, albeit forces that are undetected by the common man. And most of the work of a mage is not involved in deadly spellcasting duels, but in wearisome study, tiresome memorization, and unending research." – Arkol, Argivian, scholar (p. 195)
Peço desculpas pela citação grande logo no começo, mas é que ela é essencial. Foi essa citação que fez um amigo trazer este livro da Finlândia e eventualmente presenteá-lo a mim. É também como eu mais gosto de enxergar a "magia" no mundo da fantasia, porque creio que é o que mais se aproxima de uma possível verossimilhança da magia (se é que isso pode existir).

Antes de falar da história e do livro, deixa eu contar que tive um Efeito Mandela nessa leitura. Acontece que quando fui pra minha estante escolher o próximo livro pra ler, deparei-me com esse que estava lá há uns bons anos e vi o nome do autor, Jeff Grubb. Na mesma hora eu pensei: "Ah! Esse autor eu sei que é bom, vai valer a pena ler mais um livro dele." 

E, contente e satisfeito, pus-me a ler esta obra que realmente era muito boa, a todo tempo congratulando-me pela escolha certeira e meu know-how em reconhecer bons autores. Quando já estava quase acabando o livro, bateu aquela curiosidade: "Qual foi mesmo o outro livro que eu li dele?". Fui procurar na internet toda a bibliografia de Jeff Grubb só para depois, embasbacado, descobri que na verdade nunca havia lido nenhum livro dele.

Não é a primeira vez que resenho um livro de Magic The Gathering neste blog (resenha aqui). Desta vez porém não vou fazer uma resenha-spoiler, nem me dar ao trabalho de catar todas as cartas às quais o livro se refere (embora eu tenha feito isso durante a leitura mais de uma vez, não nego). 

A história que temos em mãos aqui se passa na Dark Age, depois da Guerra dos Irmãos (Urza e Mishra). Acompanhamos a história de um mago que será depois um marca na história da magia em Dominaria (plano onde transcorrem estes fatos): ninguém mais, ninguém menos, que Jodah

Nesta aventura específica, acompanhamos sua jornada como um mago amador, sofrendo perseguições por diversos motivos, até se encontrar com outros magos poderosos (alguns para o seu bem, outros para o seu mau). No fim, ele acaba provando ser uma boa pessoa mais do que um habilidoso mago. O que quero dizer é que o personagem é carismático do começo ao fim. Conquanto não seja cômico ou dado a muitas palavras, é alguém fácil de se relacionar e se identificar.

O que me chama atenção aqui é a habilidade do autor em trazer uma narrativa tão fluida. Se por um lado é a clássica Jornada do Herói, por outro lado ela é muito muito bem trabalhada. A gente não fica perdido em momento algum e tampouco consegue se desgrudar da leitura. Ainda que algumas vezes aqueles pulos entre diferentes linhas narrativas nos canse um pouco, somos recompensados no final com a perícia do escritor em coordenar todas as coisas.

Lembro que conforme me aproximava do fim do livro e diferentes linhas narrativas começavam a convergir, eu fiquei me perguntando: "Como diabos ele vai fazer pra juntar tudo isso e não ficar uma bagunça no final?". Olha, o cara sabe o que faz. Para fins de registro e aprendizado de escritor, uma coisa que ele fez perto do fim foi inserir alguns trechos em que o foco não estava em Jodah, mas em revisitar personagens que ficaram um pouco pra trás, de modo que quando eles realmente aparecessem de novo, o leitor estaria mais próximo deles e entenderia melhor suas ações.

Outra coisa que chamou minha atenção na narrativa de Grubb (e pra ser honesto, em todo livro de fantasia que sabe trabalhar bem a Jornada do Herói) é como ele consegue fazer um enredo em que por mais que a situação do herói esteja ruim, ela ainda pode piorar bastante:
The slender elves and the humans in bloodied white and muddied purple were in full flight now, ceding them the battlefield.
That was when the goblin attacked. (p. 87)
O grande assunto do livro, descaradamente, é a magia. E não qualquer magia; mas algo com uma abordagem mais verossímil, como dei a entender pela citação lá do começo. Curti que em determinado momento o autor explica que a magia está ligada à história de uma pessoa, na verdade à sua origem. Ela precisa recorrer às memórias do lugar de onde veio pra tirar a energia necessária (planície, montanha, floresta, pântano ou ilha) para usar seus feitiços. Em vários momentos o livro fala sobre a origem e a natureza da magia. Não dá pra negar que é bem trabalhado e interessante.

Em conclusão, é só uma pena que eu não tenha os outros livros da série, porque embora o autor não tenha terminado este num cliffhanger, deixou um excelente caminho para a continuidade. Estas edições paperback são muito boas e eu curto estes livros que cabem bem na palma da mão. Sabe Deus quando vou ter grana pra completar essa série. Uma pena, porque mal posso esperar pra saber o que mais vai acontecer.

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