sexta-feira, 15 de abril de 2022

Resenha – A dama de espadas

PUSHKIN, Alexandre. A dama de espadas. Jandira: Ciranda Cultural, 2019.


Ao mesmo tempo em que sinto que aproveitei bem meu tempo lendo esse livro, sinto que fui enganado. O jeito mais fácil de explicar isso é indo direto à resenha.

Falando de edição. Um livro? Não, um livreto. Pra ser bem honesto, se não eu não tivesse pago uma pechincha por ele, teria me sentido enganado. Acontece é que a história é na verdade apenas um conto, não um romance. Por isso, o editor criou uma capa bem bonita, ilustrações chamativas e letras bem grandes, com margens bem amplas, tudo pra preencher as poucas oitenta páginas que o livro tem. Dá pra perceber que é pra fazer volume. 
"O jogo me ocupa intensamente – disse Hermann –, mas não estou em condições de sacrificar o indispensável na esperança de obter o supérfluo." (p. 14)
Totalmente inegável que a trama é muito interessante e não sem presença de excelentes reviravoltas! Acompanhamos a história de Hermann e o estranho caso da Condessa de *** que certa feita ganhou uma fortuna apostando num jogo de cartas. Há outros breves personagens, mas a história é mesmo sobre esses dois.

O autor em alguns momentos é muito gentil em nos situar na história e eu sou grato a ele por isso. Às vezes talvez nem seria necessário, mas quando ele o faz isso deixa a leitura tão mais fácil! Me pergunto se às vezes não custa dar um ou outro trocado ao leitor pra facilitar um pouco a vida dele. Nem todo mundo gosta de ler pra se complicar, às vezes é só pra relaxar.

Vê-se a influência do francês. Estamos na época da belle époque afinal de contas. No começo de cada capítulo há epígrafes e várias delas estão em francês. Neste ponto me pergunto se não teria sido melhor que o tradutor colocasse todo o livro em português e deixasse para as notas de rodapé as expressões originais em francês – e não o contrário, como acabou ficando.

Bom, no fim das contas, o livro é muito curtinho pra causar impacto suficiente. O final conquanto não seja totalmente previsível, ao mesmo tempo não surpreende em quase nada. Cria-se muita expectativa em um espaço muito curto pra o autor se relacionar com os personagens ou se importar com o destino deles. 

Tendo dito isto, se o livro estiver bem bem baratinho, acho que vale a pena. Caso contrário, talvez uma coletânea com obras de Pushkin possam valer mais a pena. Comprei a obra pra conhecer melhor esse autor russo, mas findou que ainda não o conheço. Uma coisa é certa: ele promete.

0 comentários:

Postar um comentário