quinta-feira, 14 de março de 2024

Resenha — Ready Player Two

CLINE, Ernerst. Ready Player Two. New York: Ballantine Books, 2021.


Ok, vamos lá. Que porcaria de livro. Bem que ainda tentaram me avisar que esse segundo livro em nada parecia com o primeiro. Jogador nº 1 continua sendo muito bom, mas realmente não podemos dizer o mesmo de sua continuação.

Verdade seja dita, o livro até começa bem, apresentando dilemas morais bem interessantes. Pode o dinheiro salvar o planeta? Seria ético usar o dinheiro para uma viagem interplanetária, salvando apenas alguns, mas garantindo o futuro da humanidade? É certo dar às pessoas uma forma de escapismo para que a vida seja melhor vivida?

Mas tudo isso logo se perde com o ritmo lento que o autor resolveu imprimir na obra. De repente não estamos mais lendo um livro de aventura, é só papo-cabeça. E do pior tipo: aquele que não leva a lugar nenhum. Uma conversa de bar teria sido mais interessante.

Enquanto no primeiro livro cada descrição servia a um propósito, no segundo Cline parece estar apenas enchendo linguiça. Infelizmente, não queremos longas descrições sobre videogames dos anos 80 ou de cantores que o autor gosta, a não ser que isso contribua diretamente pra história. Aliás, eis o que queremos e não temos: uma boa história.

Pra ter uma ideia, na página 116 do livro o autor resolve introduzir o vilão da história (o que serviu pra mostrar como as outras 115 páginas eram só perda de tempo). De repente fiquei animado, pensei que a coisa ia pra frente. Mas mesmo a história tendo um gancho bom, ela custa a seguir em frente o autor desperdiça todo o senso de urgência. Quanto mais eu lia, mais evidente ficava que era realmente só pra encher linguiça.

Me entristeceu ver que Ernest Cline se rendeu ao Zeitgeist. Em vez de escrever boas histórias, resolveu escrever propaganda ideológica. E ainda se lascou no processo, porque os integrantes do movimento disseram que só citar que uma personagem é trans e deixar isso pra lá não é o mesmo que representatividade. Ou seja, foi pra ele largar de ser besta.

Conforme fui me aproximando do fim do livro, uma pergunta não saía da minha cabeça: por que diabos o autor escreveu esse troço? Claramente ele sabe fazer um bom livro, eu li o primeiro. Então o que deu na cabeça dele pra fazer uma coisa tão ruim dessa?

Comecei a matutar: a propaganda ideológica, a tentativa de ganhar um público-alvo, o sucesso do primeiro livro que foi transformado em filme... Então a ficha começou a cair. Bastou uma pesquisa no Google pra confirmar minhas teorias: depois do sucesso do filme, a vontade de grana e fama falou mais alto. 

Cline literalmente escreveu o segundo livro só pra poder lançar outro filme. Agora tudo faz sentido. Pouco importa se a história é boa ou não, ele só queria uma justificativa para ter outra bilheteria que lhe rendesse alguma grana. Aliás, Spielberg já confirmou que estará na direção desse filme também.

Só tenho uma coisa a dizer: eu é que não vou assistir. Ah, e não perca seu tempo com o livro também. Se não ler, sua experiência com Jogador nº 1 será melhor.

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