Tem um buraco na minha sala que leva ao Inferno. O demônio sai de lá de vez em quando pra relaxar.
— Bom dia, Rosana.
— Oi, Naberus. Vou fazer café, tu quer?
— Só se for sem açúcar e bem forte, igual a gente toma lá no inferno.
Passei o café e servi-lhe uma xícara. Ligamos a TV, era o jornal. Guerras, pandemia, corrupção. O demônio puxou uma prancheta e começou a anotar.
— Naberus, tu bem que podia falar com teu chefe pro Brasil ter uma folga, né?
Ele bebericou o café e balançou a cabeça:
— Rosana, tu acha que o diabo vai perder tempo lascando o Brasil?
Naberus levantou e foi lavar a xícara. Rosana espiou a prancheta: “Brasil, pesquisa de campo.” Da cozinha, ele disse:
— Eu venho aqui é pra aprender.
Conto publicado na coletânea "O vendedor de sofás", fiz uma resenha dele AQUI.
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