Comprei o livro já pensando que seria ruim. Afinal, não tem como um título desse estar certo, né? Mas devo confessar que o livro foi surpreendentemente útil. É que os autores não estão querendo vender uma ideia, eles estão só apresentando resultados de uma pesquisa de doutorado.
Os autores criaram um modelo compuacional para analisar os best-sellers da lista do The New York Times e, a partir da análise, tirar conclusões e tentar responder à pergunta: "O que faz de um best-seller... um best-seller?"
Como esse livro é praticamente acadêmico, não vou fazer uma resenha completa, mas vou destacar aqui os tópicos que achei essenciais:
#Cap. 1
- O best-seller não é escolhido pela crítica, mas pelo público. Sucesso de vendas.
- O sucesso não é aleatório, há um conjunto de características que os tornam best-sellers
#Cap. 2 – Tópico
- Não há um tópico de sucesso maior, o que há é maior foco
- Todos os best-sellers tem um único tópico componto 30% do livro
- Os outros 70% ficam divididos entre outros 2 ou no máximo 3 tópicos
- Esses outros tópicos necessariamente dialogam com o primeiro e o reforçam
- Escritores não-best-sellers colocam 6 tópicos ou mais nos seus livros
- Análise dos autores
- Tópicos mais presentes em best-sellers: casamento, morte, impostos, tecnologia, enterros, armas, médicos, trabalho, escolas, presidentes, jornais, crianças, mães, imprensa. Mercado financeiro, laboratório, espiritualidade (mas não igreja), faculdades, cachorro. Pessoas reais.
- Tópicos que quase nunca se tornam best-sellers: sexo, drogas, descrições de corpo que não seja em contexto de dor ou crime, cigarros, álcool, deuses, emoções exageradas, revoluções, negociatas, viagens existenciais/filosóficas, jogos de cartas, danças, jantares.
- O local preferido é a cidade, de preferência casas comuns.
- Lugares que não emplacam: deserto, mar, floresta, rancho
#Cap. 3 – Trama
- Os best-sellers tem reviravoltas constantes e um ritmo acelerado de trama
- Na minha contagem, os best-sellers tem pelo menos 8-9 grandes reviravoltas
- E todas elas com espaçamento mais ou menos igual
- As tramas seguem o básico de preparação, confronto, resolução
- 7 linhas narrativas principais, cada uma com um gráfico que aponta o tipo de história
- As tramas sempre se relacionam com o leitor fisicamente ou emocionalmente
- Não apenas intelectualmente
- Muitos críticos dizem que best-sellers não são bons porque estão acostumados a uma experiência intelectual com livros, não emocional ou física
#Cap. 4 – Estilo
- Estilo é o DNA do escritor (não tem como mudar, individualidade do autor)
- Se traduz em hábitos (uso de expressões, substantivos, pronomes, etc.)
- Característica do estilos estilos mais presentes em best-sellers
- MAIS IMPORTANTE é o uso da "linguagem diária do homem comum"
- A voz do narrador sempre parece de uma pessoa real
- Uso de contrações é bem forte (n't ou -d)
- Pontos de interrogação são bem mais preferíveis a pontos de exclamação
- Reticências são bem-vindas
- Frases curtas, sem palavras desnecessárias
- Estilo que permita a compreensão do público
#Cap. 5 – Personagens
- Bons personagens são ativos, sempre estão fazendo alguma coisa
- É isso que leva a trama pra frente e faz a gente se envolver com eles
- Personagens estão ligados a verbos (especialmente os que tenham a ver com estados mentais ou emocionais
- "Precisar" e "querer" são os dois principais
- "Sentir", "amar", "fazer", "pensar", "perguntar", "olhar", "segurar", "contar", "gostar", "ver", "saber", "começar", "trabalhar", entre outros
- Por contraste, personagens ruins são muito passivos
- Geralmente acompanhados de verbos como "parar", "largar", "parecer", "esperar", "interromper", "hesitar", "murmurar", "protestar", "perder", entre outros
#Conclusão
O livro é sensacional por sua abordagem. Foram mais de 2500 livros analisados, compreendendo os últimos 30 anos da lista de best-sellers do The New York Times. No fim do livro, os autores explicam com mais detalhes qual foi a metodologia de pesquisa deles e não temos escolha senão ficarmos admirados com o trabalho que isso deve ter dado.
Vou deixar o livro na estante, porque no futuro quero consultar de novo essa lista de verbos e substantivos. Não garanto que um dia terei um best-seller, mas não vejo motivo pra não me esforçar em consegui-lo.
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