domingo, 5 de maio de 2024

Resenha — Corra, Alex Cross

PATTERSON, James. Corra, Alex Cross. São Paulo: Arqueiro, 2014.


Comprei num sebo por R$10. Na contracapa há uns dizeres característicos do marketink: "As páginas viram sozinhas!". Eu li isso e torci o nariz. Besteira. Aí eu li o livro. E descobri que era verdade.

Não conhecia a obra extensa de James Patterson, tampouco que Alex Cross é um personagem recorrente e tem uma série de livros só sobre suas histórias. Nem por isso aproveitei menos o livro. Aqui acompanhamos a história de Alex Cross, um policial de Washington, que tem três serial killers atuando ao mesmo tempo e agora tem que resolver os casos enquanto lida com questões familiares.

A estrutura do livro me pegou um pouco de surpresa. O autor optou por fazer de cada cena um capítulo. Isso nos traz capítulos de 1 página, às vezes. Por um lado entendo que isso torna o livro mais dinâmico, o que corrobora com a premissa de alguém sendo perseguido. 

Por outro, é como assistir um filme com muitos cortes de cena. Quando a gente começa a se ambientar, PAM, já estamos em outro lugar e fazendo outra coisa. Deixa o ritmo meio prejudicado. 

Do meio pro fim, porém, preciso confessar que isso já não me incomodava mais. Pelo contrário, me forçava a seguir em frente, sempre pensando "Ah, mas é só mais um capítulo". O miserável é um gênio.

Essa estrutura reflete bem a narrativa, que vai se afunilando e ficando cada vez mais frenética. A primeira impressão que tive não foi das melhores, achei o começo do livro meio confuso. O autor apresenta muitos personagens e a gente não sabe em quem investir nossa atenção, mas logo a gente se familiariza com quem é mais relevante e a história caminha bem.

Há algo a ser comentado, porém. É normal os autores acelerarem o ritmo no fim do livro, mas há uma linha tênue entre um ritmo frenético e uma narrativa corrida demais. Acho que o autor oscilou entre essas duas e houve trechos que, a meu ver, poderiam ter sido explorados mais e não sido resolvidos tão rápido. O clímax ficou meio apagado por causa disso.
Mas, algumas vezes, a vida é um ciclo, não é? Aquilo que você pensa que foi resolvido pode voltar até estar bem ali diante de você. (p. 215)
Esse livro é de 2013, publicado no Brasil em 2014 e consegui notar nele já um aspecto da mudança do nosso Zeitgeist. Acontece que só no capítulo 74 o autor menciona que o personagem principal é negro. Sensacional. A história é sobre pessoas, não sobre raças. Saudade dessa época.

Eu não categorizaria o livro como uma literatura adulta, mas também não o chamaria de juvenil. Há cenas um pouco pesadas e insinuações meio complicadas para um leitor mais novo. De qualquer forma, o autor sabe dosar as coisas e vê-se a maturidade que ele tem na sua escrita.

Enfim. Eu curti. 

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