sábado, 17 de julho de 2021

Crônicas do cotidiano – XII

Deu uma vontade súbita de escrever alguma coisa. De ouvir as teclas batendo enquanto palavras surgem na tela. Não há nada de tão especial nisso, a gente faz todo dia. Mas, ao mesmo tempo, não é um pouco mágico?

Stephen King diz que escrever é telepatia. No começo achei meio absurdo, mas hoje vejo que ele está certo. Que mistério é esse que faz com que toques dos meus dedos transmitam ideias para outras pessoas? E, mais ainda, se eu tivesse capacidade de escrever algo muito bom, como isso poderia afetar a vida de outras pessoas.

Certa vez, Érico Veríssimo estava num jantar e perguntaram-lhe:
– O senhor acredita que o que você escreve é capaz de mudar uma vida?
Érico deu de ombros como quem diz "Claro que não, né?", mas respondeu simplesmente:
– Não acho.
Então o homem passou a relatar-lhe a vida de seu sobrinho que, após ler um livro de Érico, largou sua profissão e voltou para a faculdade a fim de se tornar médico.
Contra fatos, não restaram argumentos a Veríssimo.

Existe algo de mágico sim, de delicioso em sentir as ideias fluírem e explodirem na mente de outra pessoa. Não há materialismo no mundo que consiga simplificar isso. De onde vêm as ideias? Para onde vão? Gosto de perguntas que fazem a gente pensar. Na verdade, sinto falta de diálogos e discussões que façam a gente pensar.

Volta e meia acho que me faria bem deixar-me levar por essas vontades súbitas de escrever alguma coisa. Vai que numa dessas sai algo de bom.



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