A sorte é que arrependimento não mata. Estava todo orgulhoso com minha meta de ler a obra completa de Dostoiévski, mas já me arrependi. Nem tudo na vida são flores. Meu Deus, que livro chato.
É até difícil dizer do que se trata a história. São tantos núcleos, e vários deles com tantos assuntos desconexos que não sei por onde começar. Nas primeiras duzentas páginas a gente acha que a história é sobre um escritor falido e sua relação platônica com a mecena que o sustenta; depois parece que a história é sobre o filho da velha rica; depois a história vira sobre o filho do escritor falido. Aí no final já não sabemos mais de nada.
O livro tem muitos problemas. Tem descrições e narrações longas que não contribuem em NADA para a história; tem diálogos sem fim que não chegam a lugar nenhum; tem mais de 700 páginas que, se fôssemos honestos, poderiam ser resumidas em 200 e estaria de bom tamanho. Esse livro é a decadência de Dostoiévski. Parece até Jane Austen de tão chato.
Li até o fim porque todo mundo disse que no final ele ficava bom, que valia a pena aguentar a chatice. Não acreditem nisso, é mentira! O livro ganha fôlego na terceira parte (terceira!), mas logo se perde, o personagem que nós acompanhamos é colocado de escanteio, outros surgem e o livro trata como se a história toda fosse sobre eles. É uma encheção de linguiça que nunca vi igual.
Não tem como fazer bons debates sobre os temas trazidos (revoluções, sociedade, niilismo, ateísmo, etc), porque eles ficam afogados no mar de coisas supérfluas. Tem algumas frases legais, algumas reflexões bem nível Dostoiévski... mas não dá vontade de citar, não dá ânimo. A gente se sente traído, enganado por ter desperdiçado tanto tempo.
É o tipo de coisa que não vale a pena. Não perca seu tempo com esse livro, vá ler Irmãos Karamazóv ou alguma das noveletas menores. É muito mais proveito de Dostoiévski.
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