sábado, 11 de maio de 2024

Resenha — O segredo do best-seller

ARCHER, Jodie; JOCKERS, Matthew L. O segredo do best-seller. Bauru: Alto Astral, 2017.


Comprei o livro já pensando que seria ruim. Afinal, não tem como um título desse estar certo, né? Mas devo confessar que o livro foi surpreendentemente útil. É que os autores não estão querendo vender uma ideia, eles estão só apresentando resultados de uma pesquisa de doutorado.

Os autores criaram um modelo compuacional para analisar os best-sellers da lista do The New York Times e, a partir da análise, tirar conclusões e tentar responder à pergunta: "O que faz de um best-seller... um best-seller?"

Como esse livro é praticamente acadêmico, não vou fazer uma resenha completa, mas vou destacar aqui os tópicos que achei essenciais:

#Cap. 1
  • O best-seller não é escolhido pela crítica, mas pelo público. Sucesso de vendas.
  • O sucesso não é aleatório, há um conjunto de características que os tornam best-sellers
#Cap. 2 – Tópico
  • Não há um tópico de sucesso maior, o que há é maior foco
    • Todos os best-sellers tem um único tópico componto 30% do livro
    • Os outros 70% ficam divididos entre outros 2 ou no máximo 3 tópicos
      • Esses outros tópicos necessariamente dialogam com o primeiro e o reforçam
      • Escritores não-best-sellers colocam 6 tópicos ou mais nos seus livros
  • Análise dos autores
    • Tópicos mais presentes em best-sellers: casamento, morte, impostos, tecnologia, enterros, armas, médicos, trabalho, escolas, presidentes, jornais, crianças, mães, imprensa. Mercado financeiro, laboratório, espiritualidade (mas não igreja), faculdades, cachorro. Pessoas reais.
    • Tópicos que quase nunca se tornam best-sellers: sexo, drogas, descrições de corpo que não seja em contexto de dor ou crime, cigarros, álcool, deuses, emoções exageradas, revoluções, negociatas, viagens existenciais/filosóficas, jogos de cartas, danças, jantares.
    • O local preferido é a cidade, de preferência casas comuns.
      • Lugares que não emplacam: deserto, mar, floresta, rancho
#Cap. 3 – Trama
  • Os best-sellers tem reviravoltas constantes e um ritmo acelerado de trama
    • Na minha contagem, os best-sellers tem pelo menos 8-9 grandes reviravoltas
    • E todas elas com espaçamento mais ou menos igual
  • As tramas seguem o básico de preparação, confronto, resolução
  • 7 linhas narrativas principais, cada uma com um gráfico que aponta o tipo de história
  • As tramas sempre se relacionam com o leitor fisicamente ou emocionalmente
    • Não apenas intelectualmente
    • Muitos críticos dizem que best-sellers não são bons porque estão acostumados a uma experiência intelectual com livros, não emocional ou física
#Cap. 4 – Estilo
  • Estilo é o DNA do escritor (não tem como mudar, individualidade do autor)
    • Se traduz em hábitos (uso de expressões, substantivos, pronomes, etc.)
  • Característica do estilos estilos mais presentes em best-sellers
    • MAIS IMPORTANTE é o uso da "linguagem diária do homem comum"
    • A voz do narrador sempre parece de uma pessoa real
    • Uso de contrações é bem forte (n't ou -d)
    • Pontos de interrogação são bem mais preferíveis a pontos de exclamação
    • Reticências são bem-vindas
    • Frases curtas, sem palavras desnecessárias
  • Estilo que permita a compreensão do público
#Cap. 5 – Personagens
  • Bons personagens são ativos, sempre estão fazendo alguma coisa
    • É isso que leva a trama pra frente e faz a gente se envolver com eles
    • Personagens estão ligados a verbos (especialmente os que tenham a ver com estados mentais ou emocionais
      • "Precisar" e "querer" são os dois principais
      • "Sentir", "amar", "fazer", "pensar", "perguntar", "olhar", "segurar", "contar", "gostar", "ver", "saber", "começar", "trabalhar", entre outros
    • Por contraste, personagens ruins são muito passivos
      • Geralmente acompanhados de verbos como "parar", "largar", "parecer", "esperar", "interromper", "hesitar", "murmurar", "protestar", "perder", entre outros
#Conclusão

O livro é sensacional por sua abordagem. Foram mais de 2500 livros analisados, compreendendo os últimos 30 anos da lista de best-sellers do The New York Times. No fim do livro, os autores explicam com mais detalhes qual foi a metodologia de pesquisa deles e não temos escolha senão ficarmos admirados com o trabalho que isso deve ter dado.

Vou deixar o livro na estante, porque no futuro quero consultar de novo essa lista de verbos e substantivos. Não garanto que um dia terei um best-seller, mas não vejo motivo pra não me esforçar em consegui-lo. 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Resenha — Vidas secas

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Jandira: Principis, 2024.


Sei nem por onde começar. É que tenho algumas opiniões bem formadas sobre a obra e ainda não entendi como organizar os pensamentos direitos. Vamos ver o que sai.

Vidas secas é um marco da literatura brasileira e quando o vi por R$10 eu sabia que deveria comprar. Ainda não tinha lido Graciliano Ramos e precisava desse nome no meu currículo de leitor. Eu queria realmente aprender um pouco mais e conhecer melhor o cara.

Neste livro, estamos diante de uma obra em que fica bem evidente o espírito modernista. O livro é facilmente comparado a Macunaíma de Mário de Andrade. Não só o uso de regionalismos ou termos próprios a uma etnia, mas especialmente a narrativa não-linear e cheia de rododendros que parece refletir a mente do personagem e das situações que ele enfrenta. 

Até as repetições por parte dos personagens, o jeito que eles se comportam refletindo de modo muito forte a caboquice, o jeito bruto e até mesmo obtuso do estereótipo sertanejo, está tudo aqui. 

Assim, eu compreendo as escolhas do autor, o estilo... mas não gosto. Já vou dar o teor da minha resenha logo de cara aqui: Vidas secas é um excelente livro para estudo da literatura, mas não para se divertir com a literatura. Pra mim ele está muito próximo de A moreninha neste sentido.

O livro tem um quê de romance, mas a organização da história e a divisão me faz pensar que este livro está mais próximo de uma antologia de contos. Embora no primeiro capítulo tenhamos de fato uma apresentação da temática e dos personagens (coisa que vemos repetida no último), no meio o que temos de fato é uma coletânea de causos e estudos de personagem.

(Aliás, que primeiro capítulo! Nosso coração vai lá em baixo e sobe de novo. Graciliano realmente nos conquista, nós torcemos para o Fabiano, para sinha Vitória, pela Baleia... ficamos com medo da seca, torcemos pela sobrevivência dos nossos heróis... talvez o erro de Graciliano foi ter gastado muita munição nessa abertura, e o resto sofre um pouco em comparação).
Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam dele. Faziam-se carrancudo e evitava conversas. [...] Todos lhe davam prejuízo." (p. 58)
Certamente estamos diante de uma obra realista, não há dúvidas. Aqui o autor faz questão de mostrar o sertão nordestino tal como ele é. Com direito a sertanejos fugindo da seca e urubus rondando eles nos céus, só esperando eles definharem e morrerem. 

Agora, falando de personagens, de longe e sem medo de errar, a personagem mais interessante é a cachorra Baleia, porque ela simplesmente vive. Nós conhecemos as suas vontades, os seus desejos, e até nos identificamos com eles. Ela é simples. É uma personagem na qual o autor não sente a necessidade de incluir algum regionalismo ponto ela foge da premissa de usar nomes ou expressões regionais que tornam a narrativa cheia de lombadas.

Isso é um problema que vejo nos capítulos que funcionam como estudo de personagem. A necessidade da regionalização sem apresentação dela ao leitor, torna o texto desnecessariamente truncado. Me parece que o objetivo do autor não é deveras envolver o leitor, senão fazer uso de uma terminologia pouco explorada na literatura e dizer "Olha como seu diferentão". O que, se pararmos pra pensar, é bem o espírito do modernismo mesmo.

Some-se a isso que o livro quase não tem diálogos, isso torna a narrativa pesada. Não temos a oportunidade de desvendar os personagens por nós mesmos. Quando muito, conhecemos sua psiquê, mas sempre de fora. Além disso, somos sempre apresentados a uma sucessão de narrativas e descrições que englobam cenas e diálogos inteiros que poderiam ter sido explorados para dar lugar aos próprios personagens. 
Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. (p. 70)
Sei que deveria elogiar o livro por ser um marco da literatura brasileira. Mas a verdade é que ele é só muito chato. E não creio que a premissa do livro fosse ser legal mesmo, acho que ele foi feito para ser um estudo de literatura. Não nego a originalidade disso, mas pra mim o real valor está na exploração acadêmica do assunto, não no conteúdo em si.
(embora o capítulo sobre a cachorra Baleia me faça reconsiderar essa posição — não sei, quem sabe no futuro reconsidere tudo).

Enfim, concluo dizendo que está no meu currículo de leitor, mas não ficará na minha estante.

domingo, 5 de maio de 2024

Resenha — Corra, Alex Cross

PATTERSON, James. Corra, Alex Cross. São Paulo: Arqueiro, 2014.


Comprei num sebo por R$10. Na contracapa há uns dizeres característicos do marketink: "As páginas viram sozinhas!". Eu li isso e torci o nariz. Besteira. Aí eu li o livro. E descobri que era verdade.

Não conhecia a obra extensa de James Patterson, tampouco que Alex Cross é um personagem recorrente e tem uma série de livros só sobre suas histórias. Nem por isso aproveitei menos o livro. Aqui acompanhamos a história de Alex Cross, um policial de Washington, que tem três serial killers atuando ao mesmo tempo e agora tem que resolver os casos enquanto lida com questões familiares.

A estrutura do livro me pegou um pouco de surpresa. O autor optou por fazer de cada cena um capítulo. Isso nos traz capítulos de 1 página, às vezes. Por um lado entendo que isso torna o livro mais dinâmico, o que corrobora com a premissa de alguém sendo perseguido. 

Por outro, é como assistir um filme com muitos cortes de cena. Quando a gente começa a se ambientar, PAM, já estamos em outro lugar e fazendo outra coisa. Deixa o ritmo meio prejudicado. 

Do meio pro fim, porém, preciso confessar que isso já não me incomodava mais. Pelo contrário, me forçava a seguir em frente, sempre pensando "Ah, mas é só mais um capítulo". O miserável é um gênio.

Essa estrutura reflete bem a narrativa, que vai se afunilando e ficando cada vez mais frenética. A primeira impressão que tive não foi das melhores, achei o começo do livro meio confuso. O autor apresenta muitos personagens e a gente não sabe em quem investir nossa atenção, mas logo a gente se familiariza com quem é mais relevante e a história caminha bem.

Há algo a ser comentado, porém. É normal os autores acelerarem o ritmo no fim do livro, mas há uma linha tênue entre um ritmo frenético e uma narrativa corrida demais. Acho que o autor oscilou entre essas duas e houve trechos que, a meu ver, poderiam ter sido explorados mais e não sido resolvidos tão rápido. O clímax ficou meio apagado por causa disso.
Mas, algumas vezes, a vida é um ciclo, não é? Aquilo que você pensa que foi resolvido pode voltar até estar bem ali diante de você. (p. 215)
Esse livro é de 2013, publicado no Brasil em 2014 e consegui notar nele já um aspecto da mudança do nosso Zeitgeist. Acontece que só no capítulo 74 o autor menciona que o personagem principal é negro. Sensacional. A história é sobre pessoas, não sobre raças. Saudade dessa época.

Eu não categorizaria o livro como uma literatura adulta, mas também não o chamaria de juvenil. Há cenas um pouco pesadas e insinuações meio complicadas para um leitor mais novo. De qualquer forma, o autor sabe dosar as coisas e vê-se a maturidade que ele tem na sua escrita.

Enfim. Eu curti. 

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Resenha — La Catedral del Mar

Provavelmente a melhor ficção histórica que já li na vida

Barcelona medieval

Arnau Estanyol



sexta-feira, 5 de abril de 2024

Resenha — Of a feather

LORENTZ, Dayna. Of a feather. New York: Clarion Books, 2021.


Am I going to hide between my wings, fearing the figments of my gizzard conjures, or am I going to dare to fly out into the wild? (p. 267)

Depois de tantas leituras pesadas, foi com muito alívio que recebi esse livro. Esperava apenas uma simples literatura infantojuvenil, mas o que encontrei foi uma verdadeira obra de arte. Um livro que aquece a alma, que dá uma sensação gostosa de ler. Que maravilha de livro.

Ter essa obra nas mãos foi uma grata surpresa. Estávamos em viagem nos EUA quando sugeri a minha esposa que escolhesse um livro para ela. Olhando as prateleiras, ela não estava muito animada pra ler um livro em inglês; mas pegou esse e viu que tinha corujas e falcoaria. Ela pensou: "Se eu não ler, pelo menos ele vai ler e vai gostar". Ela acertou na mosca.

A história é sobre Maureen, uma pré-adolescente que precisa ir morar com a tia porque a mãe está com problemas psiquiátricos. Na casa da Tia Bea, ela descobre o mundo da falcoaria. Em paralelo, conhecemos a história de Rufus, uma coruja de pouca idade que se perde na floresta e é recolhido pelas duas humanas para ser reabilitada e devolvida à natureza. É uma história sobre relacionamentos, aprendizado e desafios.

O livro é claramente uma história infantojuvenil, mas definitivamente não é uma história bobinha. A autora traz temas tensos sobre família, relacionamentos, pertencimento. Uma maneira bem sensível de abordar assuntos que até em livros adultos, se não forem bem trabalhados, deixam claro que o autor não sabe escrever. Não é o caso aqui.

Sobre o estilo, notei que o jeito que a autora corta as cenas é muito interessante e inteligente. Ela não tem pena de resumir horas de atividade numa única frase porque isso serve muito bem à história. Ela sabe manter o ritmo.
There are some parts of yourself you only find in the quiet. (p. 99)
A narrativa é extremamente cativante. Aliás, o livro é estranha e ao mesmo tempo agradavelmente realista. Nunca achei que veria técnicas de falcoaria num livro e acharia tão interessante. Além disso me peguei lendo e vendo coisas boas acontecerem mas percebi que o livro não tinha chegado nem da metade ainda e pensei: "ai meu Deus, espero que não aconteça nada com ela". 

É que a sensibilidade da autora em descrever e transmitir as emoções de uma pré adolescente em situações familiares muito difíceis é incrível, não temos opção senão sermos cativados e torcer para que tudo dê certo tanto com Maureen como com Rufus.
The first star glitters in the sky — not a star, but a planet pretending. Everything wants to sparkle when offered the chance. (p. 271)
Em fim, levei o livro pra fila do banco e precisei constantemente ficar me controlando pra não chorar. Meu Deus que lindeza de história. Depois de tantos livros pesados, complexos, querendo ser difíceis, vi aqui a beleza da simplicidade muito bem trabalhada com a simplicidade da beleza... Que presente, que presente. 

Me deu vontade de traduzir o livro e oferecer para alguma editora brasileira publicar. Mesmo não sendo um livro cristão, eu traduziria e daria para uma criança ler. É porque é bom mesmo.

terça-feira, 26 de março de 2024

Resenha — Under the dome

KING, Stephen. Under the dome. New York: Scribner, 2009.


Nem lembro qual foi a última vez que li um livro com mais de mil páginas. Agora uma coisa é certa: ler um livro com mais de mil páginas em 11 dias, isso eu nunca tinha feito. Até agora.

Eu já sabia que a história ia ser boa porque é Stephen King. Apesar de qualquer defeito, eu sei que o homem entrega. Mesmo que nem sempre eu goste de suas escolhas, ele vai amarrar as pontas soltas no final e explicar por que tudo está acontencedo.

Nesse caso, acompanhamos a vida de uma cidade de interior nos EUA que um dia simplesmente se vê sob uma redoma impenetrável. Não importa o que façam, aquilo não sai. E aí a cidade agora tem que se resolver internamente: disputas políticas locais de repente se tornam quase distopias, problemas com recursos agora são uma questão de sobreviver ou morrer, pontas soltas que nunca resolvemos agora não têm mais como ser adiadas.

O bom é que Steven King é honesto com seu leitor. Está no título que há uma redoma ao redor de uma cidade. Tão logo o evento acontece, ele respeita a inteligência do leitor e segue em frente. 

Sobre o estilo de King, me agrade muito que ele seja despojado. Aliás, no caso desse livro, reparei que ele começa os capítulos com frases curtas, de quatro ou cinco palavras. É interessante porque logo capta a curiosidade do leitor. Por outro lado, fica meio repetitivo e cansa. Parece que sempre que um capítulo vai terminar ou começar tem aquele "mistério", oh, que frase curta e cativante.

Uma outra coisa que chamou a atenção é que para um escritor de mistério e terror, Stephen King faz umas descrições as vezes muito realistas. Muito realistas. Estou falando de cenas de violência, quase beirando o gore, e até mesmo cenas de abuso que estão no limite de não ir longe demais pro meu gosto. Por outro lado, a gente também não pode criticar um gênero por fazer o que ele se propõe. Esse flerte com o gore é algo típico do terror e suspense, então King só está sendo fiel ao seu estilo.

Agora, a estrutura, meus amigos, é uma obra de arte. A teia de acontecimentos é trançada de um forma tão coesa, que os interesses dos personagens convergem de forma natural, como se o que aconteceu fosse acontecer mesmo. Embora mais perto do final eu ache que o roteiro tenha dado umas forçadas, a maior parte do livro se desenrola de forma absurdamente natural.

Some-se a isso o fato de que o homem é uma máquina de reviravoltas. É "vish" atrás de "eita". Quando a gente acha que não pode acontecer mais nada inesperado, vem algo totalmente inesperado. 

Para concluir: essa é outra obra de King que não decepciona. Achei o final meio anticlimático, e alguns acontecimentos eu esperava que tivessem mais ênfase. Mas isso são apenas expectativas. A verdade é que King mostrou nessa obra uma maestria e capacidade de coordenação literária que eu nem invejo: a verdade é que acho que jamais conseguiria chegar lá. E pra mim está tudo bem. O cara é bom mesmo.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Resenha — Ready Player Two

CLINE, Ernerst. Ready Player Two. New York: Ballantine Books, 2021.


Ok, vamos lá. Que porcaria de livro. Bem que ainda tentaram me avisar que esse segundo livro em nada parecia com o primeiro. Jogador nº 1 continua sendo muito bom, mas realmente não podemos dizer o mesmo de sua continuação.

Verdade seja dita, o livro até começa bem, apresentando dilemas morais bem interessantes. Pode o dinheiro salvar o planeta? Seria ético usar o dinheiro para uma viagem interplanetária, salvando apenas alguns, mas garantindo o futuro da humanidade? É certo dar às pessoas uma forma de escapismo para que a vida seja melhor vivida?

Mas tudo isso logo se perde com o ritmo lento que o autor resolveu imprimir na obra. De repente não estamos mais lendo um livro de aventura, é só papo-cabeça. E do pior tipo: aquele que não leva a lugar nenhum. Uma conversa de bar teria sido mais interessante.

Enquanto no primeiro livro cada descrição servia a um propósito, no segundo Cline parece estar apenas enchendo linguiça. Infelizmente, não queremos longas descrições sobre videogames dos anos 80 ou de cantores que o autor gosta, a não ser que isso contribua diretamente pra história. Aliás, eis o que queremos e não temos: uma boa história.

Pra ter uma ideia, na página 116 do livro o autor resolve introduzir o vilão da história (o que serviu pra mostrar como as outras 115 páginas eram só perda de tempo). De repente fiquei animado, pensei que a coisa ia pra frente. Mas mesmo a história tendo um gancho bom, ela custa a seguir em frente o autor desperdiça todo o senso de urgência. Quanto mais eu lia, mais evidente ficava que era realmente só pra encher linguiça.

Me entristeceu ver que Ernest Cline se rendeu ao Zeitgeist. Em vez de escrever boas histórias, resolveu escrever propaganda ideológica. E ainda se lascou no processo, porque os integrantes do movimento disseram que só citar que uma personagem é trans e deixar isso pra lá não é o mesmo que representatividade. Ou seja, foi pra ele largar de ser besta.

Conforme fui me aproximando do fim do livro, uma pergunta não saía da minha cabeça: por que diabos o autor escreveu esse troço? Claramente ele sabe fazer um bom livro, eu li o primeiro. Então o que deu na cabeça dele pra fazer uma coisa tão ruim dessa?

Comecei a matutar: a propaganda ideológica, a tentativa de ganhar um público-alvo, o sucesso do primeiro livro que foi transformado em filme... Então a ficha começou a cair. Bastou uma pesquisa no Google pra confirmar minhas teorias: depois do sucesso do filme, a vontade de grana e fama falou mais alto. 

Cline literalmente escreveu o segundo livro só pra poder lançar outro filme. Agora tudo faz sentido. Pouco importa se a história é boa ou não, ele só queria uma justificativa para ter outra bilheteria que lhe rendesse alguma grana. Aliás, Spielberg já confirmou que estará na direção desse filme também.

Só tenho uma coisa a dizer: eu é que não vou assistir. Ah, e não perca seu tempo com o livro também. Se não ler, sua experiência com Jogador nº 1 será melhor.

domingo, 3 de março de 2024

Re-resenha — Jogador nº 1

CLINE, Ernest. Jogador número 1. Rio de Janeiro: LeYa, 2018.


Esta é oficialmente a primeira releitura registrada nesse blog (daí o nome "re-resenha"). Em Março de 2019 eu li este livro e até fiz uma resenha dele (disponível aqui); mas a magia aconteceu. A magia da minha amnésia aconteceu. Eu simplesmente não lembrava mais muito bem da história. Eu adoro quando isso acontece. É como se fosse minha capacidade mágica de reviver histórias de novo, quase como se fosse a primeira vez.

Eu certamente lembrava de boa parte da história. De como Wade Watts participava da corrida pelo controle do OASIS, o famoso jogo de Halliday. Mas havia muitos, muitos, detalhes dos quais eu não lembrava. Não foram poucos os momentos no livro que me peguei "Eita!" ou então "Meu Deus! E agora?", como se nunca tivesse visto aquilo antes.

Sobre a narrativa, a sequência de fatos é muito eletrizante. Tal como num videogame de verdade, me vi de tal forma envolto pela narrativa que li por mais de 1h sem ver o tempo passar. Eu lembrava que o livro perdia um pouco de fòlego no segundo ato, mas retoma com um final sensacional. Algumas vezes o roteiro dá umas forçadas, mas estamos tão envolvidos na história que não ligamos. São aquelas conveniências que perdoamos e até gostamos.

Cito algo que mencionei na primeira resenha, onde lembro que há um blurb do USA Today que diz que o livro é quando: "Willy Wonka se encontra com Matrix". Ainda hoje, cinco anos depois, a descrição é perfeita.

Aliás, muito interessante isso de revisitar minha primeira resenha, porque me encanta ver que me deparei com percepções muito parecidas com o Gabriel do passado, como pensamos de modo tão parecido, por exemplo com a nossa constante pulga atrás da orelha toda vez que Cline usa o número 42.

Pensando nos dias contemporâneos, acho que o que é mais refrescante da leitura de Jogador nº 1 é ver uma narrativa sem bandeiras, mas focada em contar uma boa história. E, putz, que boa história.

Revisitei esse livro porque adquiri recentemente a continuação dele, Jogador nº 2, e queria relembrar dos detalhes da história. Desejem-me sorte, espero que o livro seja tão bom quanto o primeiro e eu possa voltar daqui a poucos dias para dizer exatamente isso. Desejem-me sorte.

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Resenha — For now, forever

ROBERTS, Nora. For now, forever. New York: Harlequin Books, 2007.


Nora Roberts, nunca mais.

Vi esse livro por 3 dólares e pensei que seria uma boa adquiri-lo. Conquanto eu não goste de livros de romance, um bom artista precisa ser minimamente eclético e ler de tudo um pouco, nem que seja para ver o que não fazer em uma história. 

For now, forever é a história do casal Daniel McGregor e Anna Withfield, ele um homem de negócios bem sucedido e ela uma estudante de medicina oriunda de uma família rica. Eles se encontram num baile, ele meio que tem amor à primeira vista e ela "não sabe o que quer ainda". 

Esse livro é uma palhaçada. É por causa de narrativas como essa que se normaliza muita coisa na cabeça de meninas (claramente o público-alvo da autora) e depois elas ficam frustradas ou decepcionadas com as próprias escolhas.

A começar, me assusta como o personagem de Daniel é meio abusivo. Ele meio que agarra a mulher, mesmo ela dizendo não, porque, na verdade, "ela queria sim". Há uma insinuação aqui dizendo: a mulher gosta de ser pegada, mesmo que ela esteja dizendo não. Horrível.

Segundo, a instituição do casamento é totalmente descartável. Paradoxalmente, o homem quer casar com ela, mas ela diz que quer se formar em Medicina primeiro e, mesmo assim, não vai dar garantias de que vai querer se casar com ele. Mas... então ela decide ir morar junto com ele. Oi? Pera... não era a carreira em primeiro lugar e talz? Uma completa distorção. Ah, e ela faz isso simplesmente abandonando os pais. Sai sem dizer nada, simplesmente vai morar com outro homem. A ideia de família, pff, também totalmente descartável. 

O que importa aqui é o individualismo supremo de Anna. Ela quer o que ela quer e pronto, e todo mundo tem que se conformar com isso. Ela não pode ceder, não, porque ela é quem está certa e todo mundo tem que aceitar. No relacionamento dela com Daniel, ela sempre está certa e Nora Roberts faz do homem quase um capacho em alguns momentos. Ridículo, uma completa falta de noção de como um bom relacionamento funciona.

Fora, que o livro deixa muito evidente um dos principais problemas de livros de romance: como tudo tem que ser sobre o casal, o drama ao redor deles se perde, ao ponto de uma cena de luto ser seguida imediatamente por um picnic, com direito a uma furunfada no final. Uma coisa completamente destoante. Uma hora estamos lidando com a perda de uma personagem interessante, pra imediatamente depois nos vermos diante de três páginas de descrição de cena de sexo. 

O livro está muito próximo daquelas novelas da Globo que enalteciam o adultério: o homem começava a história casado, a mulher era sempre uma megera, e ele sempre encontrava uma novinha que era "o amor da sua vida", então não só podia trair a esposa, como a novela incentivava. De forma similar, esse livro é tudo que tem de errado com as noções contemporâneas distorcidas do que é o amor, do que é um bom relacionamento, do que é o casamento, do que é família.

Eu sinto muitíssimo a todas as mulheres que se deixam levar por esses contos da carochinha, criando falsas noções da realidade e, por consequência, vivendo vidas amorosas frustradas. Amor é muito mais que o que "eu quero" ou o que eu "sinto". Por favor, não usem esse livro como base.

Nora Roberts, nunca mais.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Resenha — A wizard of Earthsea

LE GUIN, Ursula K. A Wizard of Earthsea. New York: Bantam Books, 2004.


Esse não comprei. Meu amigo Brennan McPherson teve a bondade de me emprestar esse livro porque eu tinha acabado de terminar The catcher in the rye e não tinha nada para ler na viagem de volta. É o primeiro livro emprestado que pego em muitos anos. 

É uma história que chamaríamos de "alta fantasia". Eu não gosto muito desses termos, uso este aqui só para fins didáticos e porque me dá menos trabalho pra explicar. É um mundo onde a magia é comum, num período pré-industrial, onde magos, feiticeiros e bruxas fazem parte da dinâmica. 

Aqui acompanhamos a vida de Sparrowhawk, ou Ged (que é seu Nome Verdadeiro), na sua jornada a´te se tornar um mago. Começa como um pobre menino de um vilarejo, passa pelo ensino do seu primeiro mestre, depois abandona o primeiro mestre e decide ir para a Escola de Magia, onde seu orgulho e arrogância provam-se seus piores inimigos. O resto do livro inteiro é Ged lidando com os problemas que ele mesmo criou por causa dessa falha de caráter.

Neste ponto, a história é extremamente profunda. É uma história sobre as consequências dos nossos atos impensados, como um único deslize é capaz de mudar o curso da nossa vida inteira e nem damos atenção a isso, não raro pensando que algo assim jamais aconteceria conosco.
But need alone is not enough to set power free: there must be knowledge. (p. 9)
A história de fato tem muitos elementos que tornam o livro como um clássico do gênero. Porém, devo dizer que não foi um livro que transformou minha vida, achei-o, quando muito, "ok".

Acontece que o estilo como a história é contada foi muito cansativo pra mim. Vejo que a autora usa abordagem que muitas vezes se aproxima do mito ou do épico (tal como Tolkien faz em O Silmarillion). 

Meu problema com essa abordagem é que a leitura fica muito complicada, truncada, o ritmo não é agradável. Aliás, Várias vezes tive que voltar a frase ou o parágrafo do começo pra entender o que de fato estava sendo dito. 

Somado a isso senti falta de diálogos, ou cenas. Às vezes (digo, muitas vezes) é só narração atrás de narração. Embora os fatos narrados sejam de fato interessantes, esse "mais do mesmo" cansa. Eu não quero só que me contem uma história, eu leio livro para que me mostrem uma história. Eu não quero saber de fatos, eu quero viver as vidas dos personagens que estão no livro. E, para mim, A wizard of Earthsea peca nisso.

No fim, permaneço assim. Achei o livro bonzinho, devolverei-o com votos de agradecimento, mas sempre na consciência de que ele não ficará na minha estante. 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Resenha — The catcher in the rye

SALINGER, J. D. The catcher in the rye. Boston: Little Brown and Company, 1991.


Livro que adquiri ano passado por míseros 2 dólares. Honestamente, esse é o tipo de investimento que gosto de fazer. Uma besteirinha por algo tão grande. É até difícil explicar por que eu gostei de Catcher in the rye (O apanhador no campo de centeio, em português). Mas vamos ver o que eu consigo falar aqui.

Vamos começar falando logo do que me causou um efeito "tapa na cara" já na primeira página do livro: o estilo da narração.

Se vocês acham que meu estilo é casual ou coloquial, vocês não viram nada. Sou um iniciante, amador, uma criança perto do estilo despojado de Salinger. Tá certo que a narração é em primeira pessoa, o que justifica bastante, mas, ainda assim. O uso de maneirismos e a constante repetição de palavras, fazem a gente sentir como se o narrador-personagem estivesse conversando com a gente no muro de casa.
Girls. Jesus Christ. They can drive you crazy. They really can. (p. 73)
Além do estilo em si, vi o uso de alguns efeitos de escrita sensacionais, como o uso brilhante do itálico como nunca tinha visto antes. 

Usamos o itálico para enfatizar uma palavra de maneira discreta, mas dando peso a ela na narração: "Ela disse isso" é diferente de "Ela disse isso". O que Salinger fez aqui foi usar o itálico não na palavra, mas na sílaba que ele quer enfatizar. Em vez de dizer "anything", ele diz "anything", desse jeito mesmo, com metade da palavra sem itálico. É louco e brilhante, porque traduz exatamente como o narrador pronuncia a palavra.   

Agora, quanto à história em si, é interessante dizer que, conforme eu estava lendo, me dei conta que não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Na verdade, a impressão que tive é que não estava acontecendo nada. Só no capítulo 5 e 6 é que parece haver alguns eventos que desdobram a trama. O estranho é que eu já havia sido fisgado antes disso. O que foi que me prendeu?

Chego no final e entendo melhor o que está me prendendo. É que Salinger é um tipo de Dostoiévski norteamericano. Ele fala, em suma, de um personagem doente, instável que ironicamente está enojado pela natureza humana. Um personagem problemático que, ao mesmo tempo, parece muito consciente de si mesmo e cego.

Este é o grande tema do livro, penso eu. Nós acompanhamos Holden Caulfield, um adolescente de 17 anos que foi expulso da escola. Holden, de uma família abastada, não quer voltar pra casa, então acompanhamos ele num fim de semana em Nova York dos anos 1940, com direito a bebidas, cigarro e prostituição. Tudo de pior que aquele mundo tinha para oferecer. 

Essa desilusão com a condição humana é algo que passa pela narrativa perturbada de Holden o tempo todo. E vemos o constante embate das duras realidades que ele aponta com as ironias do seu próprio comportamento e forma de pensar.
The best thing, though, in that museum was that everything always stayed right where it was. Nobody'd move [...]. Nobody'd be different. The only thing that would be different would be you. (p. 121)
Consigo ver como esse livro pode ser bem desagradável para algumas pessoas, especialmente aquelas que não curtam um estilo mais despojado de narração. O narrador constantemente faz digressões, mas nelas traz outros temas à tona que depois passa a aplicar na situação em que se encontra. 

Honestamente, o livro permanecerá na minha estante não só porque é bom e eu gostei, mas também porque consigo sentir que há ainda mais camadas, mais significados que Salinger colocou ali e eu talvez não tenha conseguido captar. 

Em suma, que livro sensacional.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Resenha — Bag of bones

KING, Stephen. Bag of bones. New York: Scribner, 1998.


E começamos 2024. 
Bag of bones ("Saco de ossos" em Português) é uma obra de Stephen King. Pronto, só de falar o autor já dei pistas o suficiente. Nela acompanhamos a história do escritor Michael Noonan, que logo no começo do livro perde sua esposa Jo, e acaba se mudando pra sua casa de campo, tentando entender a causa dos seus pesadelos constantes e mistérios envolvendo sua esposa.

Sobre a narrativa do livro, tenho duas observações, uma boa e uma ruim. A boa é que Stephen King não é um grande escritor à toa, ele realmente sabe o que está fazendo. A história é bem narrada porque consegue engajar a gente na leitura e ficamos sempre querendo continuar, querendo saber o que vem depois.

Por outro lado, não gosto de quanto King demora entre uma fala e outra. Várias vezes dá vontade de pular e só seguir com o diálogo. É como assitir um filme com alguém comentando cada cena que acontece, fica um saco. Isso sem falar das várias referências que ele faz; são tantas que me pergunto se 20 anos depois (considerando que a obra foi escrita em 1998) elas mais ajudam ou atrapalham a leitura.
Not every thirst should be slaked. Some things are just wrong [...] (p. 340)
Stephen King é conhecido por ser um escritor do gênero terror e, de fato, no começo do livro tem alguns elementos que dão medo. Os pesadelos do personagem principal, fatos estranhos que acontecem ao redor dele, menções a coisas que parecem não fazer sentido mas que prendem nossa atenção... Porém, isso infelizmente logo passa.

Na metade do livro parei de me assustar, porque o herói parou de se assustar também. Se ninguém corre perigo, não há necessidade de ter medo. Como o personagem simplesmente se acostumou com as "manifestações" que ocorrem na sua casa de campo, não dá nem nervoso, fica quase chato. Ou seja, é um livro de terror... que não dá medo.

E confesso que me irritei em alguns momentos com problemas de verossimilhança. Vou citar só dois. O primeiro é que acho meio absurdo como King traz alguns fatos aterrorizantes (o cara acordar e ver no gravador que ficou ligado a noite que uma mulher falou o nome dele — sendo que ele tava sozinho numa casa) e depois simplesmente ignora. Ah aconteceu isso foi? Então, aí no dia seguinte ele foi passear à beira do lago ......ôsh?!

Além disso, tem coisa que só acontece em livro mesmo. Olha só. A mulher do cara morre. Ele começa a ter pesadelos com a casa de campo deles. Em um desses pesadelos ele sonha que tem um corte na mão, quando acorda o corte está lá. Ele sonha que tem três girassois bem na frente da casa, aí quando mostram uma foto dele, lá estão três girassois aleatórios. Ou seja, vários sinais de coisa ruim. 

Aí o que ele decide fazer? "Sabe de uma coisa, vou lá pra minha casa de campo!". AFF! É igualzinho aqueles filmes de terror que claramente tem alguma coisa assustadora e perigosa do lado de fora e o personagem sai com uma lanterninha dizendo "Tem alguém aí?". Faça-me o favor. Nessas horas eu fico é torcendo pro personagem morrer, pra largar de ser burro.
[...] any good marriage is a secret territory, a necessary white space on society's map. (p. 90)
Apesar dessa ruptura (livro de terror que não dá medo), a história tem um elemento redentor que pra mim a torna muito relevante: família

O livro conta a história de um homem que perdeu sua família, que procura uma nova família, que faz de tudo para salvar sua família. É por isso que — vejam só — em determinado momento minha esposa me pegou chorando ao ler o livro. Pois é, me emocionei lendo um livro de terror. 

Apesar de todos os poréns, há beleza na história. King realmente sabe nos cativar e ele faz isso de dois ângulos: curiosidade e esperança. Nós ficamos curiosos: "O que será que tem na casa?", "Quem será que fez/falou aquilo?", "Por que personagem X está se comportando assim?". E também esperançosos: "Espero que ele consiga falar com ela", "Olha como ele está feliz, espero que ele consiga alcançar esse objetivo." 

Em suma, como já disse, King não é um grande autor à toa. Ele sabe o que está fazendo. Embora Bag of bones não seja pra mim o suprassumo da sua literatura, ainda é um livro que me divertiu e até fez eu me emocionar. Por enquanto, permanece na minha estante. Curti.