Comprei este livro há mais de 10 anos, na finada livraria de Santa Elena de Uairén, na Venezuela. Na época, custou-me 10 mil Bolívares (o que, na época, era o equivalente a 1 Real). Li o livro, mas não lembrava mais de quase nada e nem de ter entendido direito (na época meu espanhol não era muito bom). Por isso decidi revisitar a obra. Vamos à resenha.
O livro conta a história de um assassinato que ocorreu numa pequena cidade dos pampas Argentinos. Ali o portoriquenho americano Tony Durán morre, em meio a uma disputa familiar, dólares não declarados, e uma fábrica nos arredores da cidade. Acompanhamos a narrativa primeiro por meio do detetive Croce, e depois pelos olhos do jornalista Renzi, ambos acompanhados pelas gêmeas Belladona e o fiscal Cueto.
La perdición y el mal alegran la vida, pero lentamente llegan los conflictos. (p. 25)
A princípio o ritmo da narrativa me causou certo impacto. É como se fosse uma narrativa policial, mas sem pressa, sem ação, mas ainda com aquela pulga atrás da orelha, tentando descobrir como o crime aconteceu. Porém o autor dá um tiro no pé ao decidir trocar o personagem principal por outro no meio da trama, dando uma quebra terrível pro leitor.
Aliás, o livro todo tem essa morosidade. A impressão que tenho é que o autor não queria de fato escrever uma crônica policial. Ele queria fazer um ensaio sobre os pampas argentinos, sobre as paisagens, a população, a vida do campo e os dramas familiares dos grandes latifundiários. Porém, como isso não vende, ele colocou uma roupagem de trama policial pra enganar os bestas.
Esse é o grande problema do livro, ele quer ser filosófico, profundo, revelador da realidade argentina, mas sem dar o mesmo peso para a trama, justamente para o que leva o leitor a ler o livro. Isso me levou a achar o autor pretensioso, querendo ser o inteligentão, cheio de referências a outros autores e a clássicos. Soa mais como ensaio de um jornalista do que como um livro de ficção.
[...] vendió sus acciones a los inversionistas y nosotros perdimos el controle de la empresa. Lo hizo de buena fe, que es como se justifican todos los delitos. (p. 232)
No fim das contas, é preciso reconhecer que o autor tem certa qualidade na sua escrita. Mas as frases confusas, os personagens sem relevância nenhuma para a trama e, pior, o final sem resolução do crime só "porque sim" são de matar. Não é uma obra que pretendo reler, não creio que vale a pena.
0 comentários:
Postar um comentário